Obscenidades

Estou escrevendo uma novela apresentando uma recatada dona-de-casa que recebe regularmente misteriosas cartas obscenas. O “perseguidor” acaba por transformar a vidinha pacata dessa mulher. Ela guarda as cartas numa gaveta da escrivaninha, onde o marido as encontra.

As memórias dessa mulher, descritas pelo Leão, estão em um documento reservado, que não sou depravado ao ponto de deixar exposto na blogosfera um material que aborda o amor sexual em toda sua profundidade e complexidade. O material não pode ser considerado contrário ao pudor. É uma obra de arte. Mas num país sem cultura e cheio de tarados, melhor será disponibilizá-lo aos adultos que desejarem ler. Só precisam enviar mensagem para nosso blog, que remeteremos eletronicamente os capítulos da novela.

Dinamizando esses contatos, dou-me o direito de introduzi-los no enredo dessa produção literária. Por exemplo, recebendo uma solicitação do meu estimado amigo poeta Maciel Caju para anexar seu nome aos felizardos e especiais leitores da novela secreta, posso muito bem incluí-lo em uma das fantasias do homem ou da mulher, personagens da narrativa. Como não vou me dar ao trabalho de solicitar autorização para usar o bom nome dos meus eventuais leitores, certamente terei que responder a diversos processos na Justiça, assunto que considero de irrelevante importância. Penso cá com meus botões da algibeira que esses incidentes processuais serão muito úteis futuramente, para alavancar uma provável edição impressa da novela. Quem entende de marketing sabe do que estou falando. Imagine essa chamada: “Leia o livro que já foi processado 20 vezes antes mesmo de ser publicado”. Isso sim é que é safadeza, diria meu compadre Erasmo Souto, ele mesmo um autor de obras descaradas, mas dessas devassidões ingênuas, de matutos. A minha não, é coisa fina, erotismo requintado, extremoso e chegado ao psicológico.

Minha novela é uma espécie de “As relações perigosas” versão cabocla. Uma coletânea de cartas refratárias a todas as convenções e moralidades. Se tem arte na novela? Não posso dizer que seja uma obra prima de abordagem do erotismo, nem aposto na sua originalidade. A ousadia está na transgressão baseada no desejo impedido de encontrar sua satisfação. Minhas personagens trafegam nos limites do possível e do impossível. Interessados?

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 02/05/2010
Código do texto: T2231979