Com exceção dos amigos...

No trabalho, no dia a dia, agente encontra com muita gente (naturalmente quem anda por aí como eu no meu ofício, (ou devo dizer trampo?). É que o assunto é esse mesmo: aparência e, por conseguinte, idade! Como já estou chegando aos sessenta e a pessoas, de maneira geral, já possuem um modelo para cada faixa etária dentro de suas cabeças, procuram logo sintonizar comigo num primeiro contato com uma tentativa muitas vezes discreta, quanto mais jovem for o novo interlocutor, afinal, cabelos brancos e uma cara já meio amassada pelo tempo exigirão um contato mais seletivo, específico para aquela idade. Na procura por um assunto em comum (que não é fácil para um jovem) sobra pouca coisa, segundo ele: futebol, o próprio desenrolar do trabalho, quando é o caso, e mais quase nada. Às vezes olham para aquele “velho” atrás de um vídeo digitando freneticamente dados em um programa que eles não sabem nada a respeito (justifica-se por, na maioria das vezes, serem de outras empresas) e ficam meio encabulados. Na verdade, não sei muito bem o que pensam. Em algumas ocasiões, percebo que olham para mim com um pouco de “pena carinhosa”. Para quebrar o clima, puxo um assunto inusitado qualquer, tiro uma brincadeira menos convencional “para a minha idade” e os assuntos vão se diversificando enquanto acertamos detalhes do contato de trabalho.

Os mais velhos (às vezes, até mais do que eu) ficam logo à vontade. Nestes casos somente o meu ar formal os distanciaria um pouco mais. O fato é que, ao procurar um ou outro assunto menos trivial para conversarmos, constato quase a mesma “distância” que eventualmente teria dos jovens. Na média essas pessoas são ou querem obedecer ao que lhes exigem como comportamento por já estarem velhas. Isso já está estabelecido. Eu poderia me sentir um pouco isolado pelas faixas etárias das pessoas com quem lido, porém a certeza que tenho de que nós não devemos ceder às “exigências dos preconceitos sociais” me faz companhia, e das boas! Mantêm-me ligado tanto a assuntos que os coroas não gostam mais quanto aos que os jovens ainda não se interessaram. É claro que todas essas afirmativas tem exceções e é com as pessoas inseridas nelas que faço a festa!