Sonhos e visões
Dizem que os sonhos são como fotografias em preto e branco. Algumas pessoas sonham colorido. Não sei determinar a veracidade desta afirmação posto que meus sonhos fossem sempre coloridos, pelo menos sou capaz de identificar as cores. Desde tenra idade tenho sonhos que se repetem com freqüência. Não sei por que eles se repetem.. Tenho alguns destes, com uma variante que me faz pensar bastante sobre o assunto. De alguns, consigo lembrar apenas de algumas cenas que se alternam sem muito sentido. Outros são claros e permanecem na mente fazendo com que ao acordar leve algum tempo para situar-me na realidade. Outros são constituídos de enredos que não caberiam apenas em uma noite de sono. Às vezes são tão claros que tenho dificuldade em saber se foi realmente um sonho, ou uma visão. Pois não sei determinar se estava dormindo ou acordado. Certa ocasião estava em casa de minha nora e saíram todos ou para o trabalho ou para a escola. Achei um livro que falava sobre sonhos com vidas passadas e como separa-los uns dos outros, isto é, determinar quais seriam de vidas passadas ou não. O problema é que tenho sérias dúvidas sobre esta questão. Pretendo ainda fazer a experiência dita de regressão, embora não creia nisso. A questão reside principalmente em nosso subconsciente, capaz de algumas estripulias enquanto dormimos. Mas porque o dito cujo é capaz de gerar imagens totalmente estranhas ao nosso conhecimento? Seguidamente, sonho com um prédio velho e vazio, com paredes sujas e um defeito numa torneira que conheço muito bem e me vejo andando pelos cômodos do prédio, como se ali morasse há muito tempo. Nesta vida nunca morei em algum lugar com a mínima semelhança. Em um outro, eu estava sentado ao chão manobrando através de um controle remoto, uma miniatura de helicóptero. Depois me levantei e andei por um corredor. Em uma das janelas vi o que deveria ser um cão branco, mas, não se parecia em nada com nossos cães. Num outro sonho, via pessoas trabalhando vestidas com roupas prateadas com visores como nos capacetes de astronautas. Trabalhavam em uma parede cônica avermelhada. Mais tarde vi em uma revista a imagem do interior de um forno radioativo de uma usina nuclear. Exatamente igual ao que vira no sonho. Um destes sonhos, que não se repetiu, via uma amiga sendo morta a facadas na saída de uma aula noturna. Vi o assassino, trajando calças Jeans e uma camiseta com listras horizontais azuis brancas e verdes alternadamente. No dia seguinte, fui ansioso ter com minha amiga Paulinha, para saber se estava bem. Claro que sim, mas, vi no jornal a noticia de um crime ocorrido no Rio de Janeiro, exatamente como havia sonhado. O assassino preso vestia exatamente a roupa que vira no sonho. O nome da vítima era Paula. Será que eu presenciei de alguma forma o crime? Sonho seguidamente que meu pai, não o meu verdadeiro, traja uma roupa de corsário, com cabelos compridos presos por um rabicó, ao melhor estilo dos filmes de pirata. No enredo, disputamos a mesma mulher e discutimos em brigas constantes. Meu pai morreu aos 67 anos e viveu com minha mãe até a morte. Minha mãe morreu recentemente aos 94 anos e ficou só depois que meu pai morreu. Estes são alguns exemplos, pois de todos, um foi muito especial, pois retrata com clareza uma situação que se repetiu durante anos e que teve em sua última ocorrência, um desfecho inesperado. Isabel, uma morena mexicana, cantora de Rock romântico, tem seguidamente surgido em sonhos longos e ricos em detalhes. Eu a acompanhava em shows e viajávamos juntos. Em um show de lançamento de um novo CD. Vestia um longo dourado e brilhante, recheado de lantejoulas brilhantes e com o nome do CD estampado em relevo, “Roses for you”. Ao final do show ela foi raptada e eu comandava as investigações pondo em ação os seguranças e trabalhava em conjunto com a polícia mexicana. Após o pagamento do resgate, a apanhamos a beira de uma estrada. Sim (nestes sonhos, (pelo menos aí) eu sou rico). Noutra ocasião, uma viagem na fronteira mexicana, um acidente sobre uma ponte, nos leva para uma pousada, onde ela percebe dois indivíduos tramando um roubo, cuja vítima seria eu mesmo. Pela madrugada, percebo que ela havia fugido com as chaves do carro e a minha carteira. Fiquei acórdão esperando sem saber o que fazer. Pela manhã ela apareceu. Sorridente informou que viu os bandidos roubando o carro, pegou um táxi e chamou a polícia. Os bandidos foram presos e havia uma recompensa pela prisão. Isto foi copiado de um texto de um amigo a quem contei este sonho na manhã seguinte. Ele sentou no computador e escreveu toda a história. O enredo foi reduzido em apenas uma síntese, pois é bem mais extenso e talvez vire um conto. O último sonho com ela, ocorreu recentemente, quando morava em Florianópolis. Morei na praia de Ingleses por 7 meses em um apartamento pequeno mas, confortável, onde comecei a escrever um livro que ainda está em elaboração, onde trato de questões como, Deus, morte, vida futura etc. Dois destes sonhos, me deixam em dúvida sobre se, sonho ou uma visão. Certa madrugada já quase amanhecendo, vi entrando no meu quarto, um homem de uns 30 anos calçando botas, calças marrom, chapéu de cowboy e com um enorme facão a cintura. Foi tão claro que dei um salto da cama e não sei precisar se estava dormindo e acordei com a visão ou se ao abrir os olhos, vi a cena que se desfez rapidamente. Algumas noites antes de voltar para Rio Pardo, sonhei com Isabel. Ela estava sentada aos pés da cama me observando docemente. – Você anda preocupado com o momento de deixar este mundo? Deu pra escrever sobre isso! Mas não se preocupe você ainda tem um tempo por aí. Quando chegar a hora, eu estarei aqui a sua espera. Eu tenho estado sempre a seu lado e você já me teve em vários momentos. Claro, você não sabe. Você pensa que era a Bebel, a paulistinha? Você sabe de quem estou falando. Claro, ela também não sabe. Agora tenho de ir. Sentei-me na cama e tentei toca-la, mas a imagem se desfez. Acordei suando frio. Eram 6.00 h da manhã. Levantei-me e fiz um chimarrão. Foi um sonho. Ou teria sido uma visão? Não sei. Lembrei-me de Bebel, na verdade Isabel, uma paulista com quem tive um romance um tanto tumultuado, pois não conseguíamos ficar muito tempo juntos, mas não agüentávamos muito tempo longe um do outro. Afinal. Porque a natureza nos deu um equipamento tão diabolicamente capaz?
Porque nos proporciona sonhos ou visões de tal magnitude? Porque sonhamos com situações e cenários tão estranhos? Será que somos donos do nosso cérebro? Ou somos comandados por um dito subconsciente capaz de brincar com nossos sentimentos enquanto dormimos? Lembro de um livro chamado “Visões noturnas” que retratava obras de artistas plásticos que colocavam em tela ou gravuras os fantasmas de seus sonhos. Será que Isabel existiu, em outra vida? Mas, quando eu nasci, não havia carros como os de hoje. Não havia CD´S. Somente os velhos bolachões de 78 rpm. Então se sonho com vidas passadas, elas foram vividas no futuro? Bem, tem o meu pai corsário, talvez esta sim tenha sido vivida no passado. As vezes sonho com meu verdadeiro pai e me intriga o fato de que sempre sonho com ele, como se ainda estivesse vivo. Seja como for, os meus sonhos são sempre diferentes do quotidiano. Sempre irreais. Será que as vezes amamos pessoas cuja alma pertence a outra? Espero um dia obter respostas para tudo isso. Quem sabe quando chegar o momento de reencontrar Isabel.