Jurubeba eu não como!
Essa história aconteceu comigo, quando eu era criança pequena lá (não é em Barbacena) em Rio Verde, morávamos na fazenda Talhado, de meu vovô Zezinho. Eu tinha menos de dez anos nessa época.
Nas refeições, meus pais tinham o costume de comer jurubeba, já curtida, servida no prato. Parece que era um costume, se comer algumas daquelas frutinhas, servidas nas refeições.
Então eu sempre pedia jurubeba. Me era servido algumas unidades, que eu não comia, achava ruim. Na verdade aquelas frutinhas nunca foram saborosas, são amargosas. Mas como eles comiam, eu pedia, era servido e logo as jogava fora.
E era essa rotina. Eu pedia, meu pai dizia que não me daria, pois eu não ia comer, eu insistia, ele dava, eu jogava fora.
Um belo dia, depois da habitual insistência, da recusa de meu pai seguido do atendimento ao meu pedido, e do esperado final, meu pai se levantou, pegou o vidro em que elas estavam, pegou umas seis, eu acho, botou no meu prato e bradou:
- Você não quer jurubeba? Então agora come!
- Mas pai, é ruim!
- Mas você não pede todo dia, embora eu insista que você não vai comer?
- Tá bom, pai, eu não vou pedir nunca mais.
Mas não teve jeito: tive de comer todas que estavam no meu prato. Era comer ou levar umas palmadas na bunda.
Conclusão: nunca mais pedi jurubeba. Até hoje tenho minhas desavenças pessoais com elas. Sei que é muito festejada como saudável, é bom pra isso, bom pra aquilo. Mas deixa as bolinhas verdes pra quem aprecie. A não ser que descubram que sejam boas para curar feiúra. Aí sim, vou comer um punhado delas, todos os dias. Enquanto isso não acontece...
Jurubeba eu não como!