Universos Feminino e Masculino – precisam mesmo ser paralelos?
Recebi hoje um texto de um amigo dissertando sobre incoerências, constâncias e inconstâncias femininas... discussão pertinente neste ano em que O Dia da Mulher teve realmente destaque nas conversas que ouvi no escritório, em restaurantes, em crônicas e entrevistas... um tantinho mais até que em outros anos.
Compreensivelmente, o texto que recebi expressava certa irritação com as feministas de plantão nesse moderno século vinte e um... e alguma natural incompreensão com as incoerências e pluralidades femininas.
Compartilho com meu amigo a opinião sobre o Feminismo – que já teve seu papel em outros tempos, certamente. Mas que chega aos dias de hoje, pelo menos no ocidente, não apenas sem função como também como algo absolutamente irritante. Que me perdoem as feministas, mas prefiro ser feminina. E, antes que centenas de mulheres me achem louca, aproveito para afirmar que não é apenas o Feminismo que me irrita... mas todos os outros “... ismos” a que apropriadamente intitulamos “correntes de pensamento”. Bem, meu pensamento vive muito melhor sem correntes.
Quanto à pluralidade... acho isso uma coisa boa.
Claro que não estou falando aqui de atitudes incoerentes de mulheres inseguras e carentes. Para tais atitudes, peço a todos alguma compreensão com a insegurança e carência humanas, que devem motivar igualmente incompreensíveis atitudes masculinas. Por favor, rapazes, não rotulem a todas nós mulheres de incoerentes e inconsistentes porque encontraram alguns seres humanos inseguros em seu caminho. Prometo a mesma condescendência com o equivalente masculino.
Relevemos, portanto, os desatinos desses seres humanos, homens e mulheres, que vagam pela vida procurando a felicidade com uma fôrma na mão... como se gente se encaixasse tão bem assim em quadradinhos pré-concebidos, pré-sonhados, pré-definidos. Pai, eles não sabem o que procuram.
Exercitemos, juntos, um olhar mais condescendente e curioso sobre o outro. Sejamos, todos nós, apenas seres humanos normais, agindo e reagindo de acordo com o instinto e vontade, norteados por valores e sentimentos.
Não estou falando em inconstância!
Falo da liberdade de poder ser de acordo com a intenção, de acordo com a confiança que temos no outro. Bem, se o outro muda, porque nossas reações deveriam ser exatamente as mesmas sempre?
Falo em viver de acordo com a situação. E, se as situações mudam, por que nossas atitudes precisariam ser exatamente iguais?
Falo em seguir de acordo com a nossa vontade e com respeito ao outro e a nós mesmos. E, se nossas vontades mudam, como poderíamos agir exatamente da mesma forma sempre?
Permitamo-nos, portanto, não como homem ou mulher, mas como seres humanos, a pluralidade.
Por que achar estranho que homens adorem comemorar e competir juntos e que se batam e se xinguem, no calor da competição... para, em seguida, sentarem-se, dando risada entre uma cerveja e outra? Só porque, se duas de nós alterarmos a voz uma com a outra, como os vemos fazer em jogos, nunca mais seremos as mesmas juntas? Somos diferentes... que bom.
Por que estranhar que um homem queira uma mulher feminina e romântica, mas que também goste de ser seduzido, instigado, provocado? Se também queremos fazer amor dando beijo na boca e olhando nos olhos... e adoramos ouvir bobagens no ouvido e transar de roupa e tudo em cima da mesa da sala. Somos semelhantes... que bom.
Por que achar esquisito que eles não gostem de perguntar o caminho? Só porque nosso senso de direção inexiste e algumas de nós conseguem se perder até dentro do estacionamento do shopping? Somos diferentes... que bom.
Gostamos sim de ser protegidas e cuidadas... ainda que não precisemos, no cotidiano, que nos cuidem. Eles gostam, sim, de serem cuidados em pequenos gestos cotidianos, ainda que não precisem. A gente cuida e se deixa cuidar não por necessidade, mas por carinho, por vontade. Cuidar, como deixar-se cuidar, é ato de entrega ao outro. Somos semelhantes... que bom.
Gostamos, sim, que se preocupem se chegamos bem em casa, diferente deles, que odeiam isso. E, exatamente como eles, nos irritamos quando controlam a hora em que chegamos ou deixamos de chegar, quando ultrapassam a tênue linha entre o zelo e a desconfiança. Somos semelhantes... que bom.
Então, despeço-me hoje fazendo minhas as palavras de meu amigo, e desejando a todos dias de união e aceitação entre homens e mulheres.
E completo: exercitar a aceitação e troca, acreditem, pode ser interessante e divertido. E, sob o olhar de quem te aceita, ainda que não te entenda, todos nós somos sempre mais livres e felizes.
(Março de 2010)
Recebi hoje um texto de um amigo dissertando sobre incoerências, constâncias e inconstâncias femininas... discussão pertinente neste ano em que O Dia da Mulher teve realmente destaque nas conversas que ouvi no escritório, em restaurantes, em crônicas e entrevistas... um tantinho mais até que em outros anos.
Compreensivelmente, o texto que recebi expressava certa irritação com as feministas de plantão nesse moderno século vinte e um... e alguma natural incompreensão com as incoerências e pluralidades femininas.
Compartilho com meu amigo a opinião sobre o Feminismo – que já teve seu papel em outros tempos, certamente. Mas que chega aos dias de hoje, pelo menos no ocidente, não apenas sem função como também como algo absolutamente irritante. Que me perdoem as feministas, mas prefiro ser feminina. E, antes que centenas de mulheres me achem louca, aproveito para afirmar que não é apenas o Feminismo que me irrita... mas todos os outros “... ismos” a que apropriadamente intitulamos “correntes de pensamento”. Bem, meu pensamento vive muito melhor sem correntes.
Quanto à pluralidade... acho isso uma coisa boa.
Claro que não estou falando aqui de atitudes incoerentes de mulheres inseguras e carentes. Para tais atitudes, peço a todos alguma compreensão com a insegurança e carência humanas, que devem motivar igualmente incompreensíveis atitudes masculinas. Por favor, rapazes, não rotulem a todas nós mulheres de incoerentes e inconsistentes porque encontraram alguns seres humanos inseguros em seu caminho. Prometo a mesma condescendência com o equivalente masculino.
Relevemos, portanto, os desatinos desses seres humanos, homens e mulheres, que vagam pela vida procurando a felicidade com uma fôrma na mão... como se gente se encaixasse tão bem assim em quadradinhos pré-concebidos, pré-sonhados, pré-definidos. Pai, eles não sabem o que procuram.
Exercitemos, juntos, um olhar mais condescendente e curioso sobre o outro. Sejamos, todos nós, apenas seres humanos normais, agindo e reagindo de acordo com o instinto e vontade, norteados por valores e sentimentos.
Não estou falando em inconstância!
Falo da liberdade de poder ser de acordo com a intenção, de acordo com a confiança que temos no outro. Bem, se o outro muda, porque nossas reações deveriam ser exatamente as mesmas sempre?
Falo em viver de acordo com a situação. E, se as situações mudam, por que nossas atitudes precisariam ser exatamente iguais?
Falo em seguir de acordo com a nossa vontade e com respeito ao outro e a nós mesmos. E, se nossas vontades mudam, como poderíamos agir exatamente da mesma forma sempre?
Permitamo-nos, portanto, não como homem ou mulher, mas como seres humanos, a pluralidade.
Por que achar estranho que homens adorem comemorar e competir juntos e que se batam e se xinguem, no calor da competição... para, em seguida, sentarem-se, dando risada entre uma cerveja e outra? Só porque, se duas de nós alterarmos a voz uma com a outra, como os vemos fazer em jogos, nunca mais seremos as mesmas juntas? Somos diferentes... que bom.
Por que estranhar que um homem queira uma mulher feminina e romântica, mas que também goste de ser seduzido, instigado, provocado? Se também queremos fazer amor dando beijo na boca e olhando nos olhos... e adoramos ouvir bobagens no ouvido e transar de roupa e tudo em cima da mesa da sala. Somos semelhantes... que bom.
Por que achar esquisito que eles não gostem de perguntar o caminho? Só porque nosso senso de direção inexiste e algumas de nós conseguem se perder até dentro do estacionamento do shopping? Somos diferentes... que bom.
Gostamos sim de ser protegidas e cuidadas... ainda que não precisemos, no cotidiano, que nos cuidem. Eles gostam, sim, de serem cuidados em pequenos gestos cotidianos, ainda que não precisem. A gente cuida e se deixa cuidar não por necessidade, mas por carinho, por vontade. Cuidar, como deixar-se cuidar, é ato de entrega ao outro. Somos semelhantes... que bom.
Gostamos, sim, que se preocupem se chegamos bem em casa, diferente deles, que odeiam isso. E, exatamente como eles, nos irritamos quando controlam a hora em que chegamos ou deixamos de chegar, quando ultrapassam a tênue linha entre o zelo e a desconfiança. Somos semelhantes... que bom.
Então, despeço-me hoje fazendo minhas as palavras de meu amigo, e desejando a todos dias de união e aceitação entre homens e mulheres.
E completo: exercitar a aceitação e troca, acreditem, pode ser interessante e divertido. E, sob o olhar de quem te aceita, ainda que não te entenda, todos nós somos sempre mais livres e felizes.
(Março de 2010)