Quem somos nós?
Quem são essas pessoas que se aglomeram nos ônibus, metrôs, trens e seus pontos lotados? Quem são essas outras que passam velozes em seus carros mil cilindradas entupindo as ruas das grandes cidades? Como distingui-las? Como saber o sonho médio delas? Quais as que conseguem realizá-los em bom número? Quantas delas são internautas, por exemplo? Quantas escreveriam suas perguntas num texto ou se preocupariam em saber quem é essa gente da qual faz parte? E aquelas outras, nos campos, nas cidades pequenas...
Há grupos que distinguimos por seus trajes, por suas atividades, pela eloqüência de suas profissões, pelo estado de abandono em que se encontram, pelo semblante treinado para tirar vantagem no contato urbano, pela ostentação de seu nível econômico. Algumas outras se ocupam de tarefas que nós jamais cogitaríamos (o que não quer dizer que fazemos o que gostamos, mas em boa parte das vezes chegamos perto disso).
A fantástica capacidade do indivíduo se comportar de acordo com as circunstâncias nem sempre revela o que ele é nas situações normais, e essas também não o revelam por inteiro por causa das manadas em que vive e que lhe dita um comportamento mais ou menos uniforme.
Haverá o dia em que cada pessoa aparecerá por completo? Mostrará todo o seu ser de modo absoluto? Haverá o dia em que os indivíduos terão a capacidade de ver a si e aos outros com essa literalidade? ...Ou nós somos apenas um acaso sem um plano em que estejamos inseridos e permaneceremos bloqueados pelos limites do nosso cérebro evoluindo lentamente através do tempo?