“…Tutti frutti, all rooting
Tutti frutti, all rooting
Tutti frutti, all rooting
Tutti frutti, all rooting
Tutti frutti, all rooting
a whop bop a loom a whop a lop bam boom…”
É bem verdade que estaríamos ao som de um ótimo jazz. Passei as últimas horas em clima de festa. Não sei o motivo de ter saído à tarde de casa recordando as músicas e performances do Little Richard. Ansiedade enorme que me fez pular na piscina e nadar por mais de uma hora para acalmar um pouco. Mania que só ansiosos crônicos como eu entendem.
Não saio muito de casa desde que cismei que, todas às vezes que me olho no espelho, vejo a imagem de um “Biscoito Traquinas” no lugar do meu rosto. Engordar 14 quilos em menos de um ano foi barra. Geralmente me arrumo, fico triste e vou malhar ou dormir. Fiquei triste como de costume. Fui para academia e troquei a trilha sonora: Billie Roliday.
“Sometimes I`m happy” começou a tocar. É... realmente às vezes estou feliz e de fato estava. Já havia perdido cinco dos 14 quilos, tinha recebido um convite maravilhoso de uma amiga que não conhecia, mas que adorava. Resolvi ligar para a Nega e a escutei apenas dizer: “Acho que você dever ir. Ontem estava tão feliz com a idéia de conhecer os escritores”.
Voltei para casa e me vesti. Seguindo o conselho peguei a máquina fotográfica e fui. Além de adorar fotografia precisava de algo para fingir distraído quando ficasse muito envergonhado ou ansioso. É que a timidez sempre me tira o atrevimento. Ensaiei cumprimentos formais, apresentações e segui.
Cheguei ao local pensando em perguntar ao garçon qual era o espaço reservado aos convidados da Iaci. Logo que entrei nem foi necessário. Lá estava como se a conhecesse desde a infância. Eram tantos sorrisos convidativos que, quase em transe, fui na direção e apenas pronunciei o seu nome. Como se fosse um maravilhoso reencontro, ela saltou, disse meu nome, deu um belo sorriso, um abraço e começou a me apresentar os demais convidados.
Conversamos muito. O Sr. Wilson é a graça em pessoa. Quase piro com suas histórias e por saber que temos um ídolo em comum: Groucho Marx. Seu charme se espalhava tanto que chegava aos olhos das moças nas mesas ao lado com direito a bilhetinhos entregues pelo garçon que, depois de um tempo, passei a chamar de carteiro.
A Edna Lopes eu não recordava do Recanto das letras. Simpatia já nos primeiros minutos. Conversas sobre educação no Brasil, litoral de Alagoas e outra surpresa literária: tanto ela como eu somos admiradores do trabalho da Tânia Meneses e do Dalton Trevisan. Edna, toda contente, registrava os momentos em sua máquina fotográfica de uma maneira que parecia estar em êxtase.
Os demais convidados pareciam membros de uma família que se ama muito. Creio que bons amigos são sempre assim. Poetas, arquitetos, “Negão que toca negão”, afilhado, enfim. Todos apaixonados pela Iaci. Não há como questionar o sentimento. Estava diante de uma mulher maravilhosa que passava uma segurança tão grande até aos meus medos e neuras de uma forma inexplicável.
Próximo de ir embora vi que a noite tinha sido mais que um simples encontro. Não é comum criarmos amizades tão rápido, mas quando ocorre é maravilhoso. Sorri, cantei, me diverti, combinei visitar um sarau com o Wilson e uma sociedade para venda dos hímens artificiais. Batizei meu ansiolítico com duas doses de uísque. Cheguei em casa após receber um grande prêmio em forma de novas amizades. Na madrugada ainda, precisava ser um “assinante premium” para demonstrar a minha alegria e para alguns se enforcarem literalmente de inveja.