Resquiat in Pace

Não é por nada, não, mas o meu aniversário deste ano foi daqueles que, se melhorassem, estragava.

Além dos bons e velhos amigos -- Luisinha de co-aniversariante -- e do meu afilhadão, frequentadores assíduos das minhas crônicas como personagens, consegui reunir três recantistas pra lá de queridos, Wilson Pereira, Alexandre Meneses e Edna Lopes; e receber o abraço-de-passagem de outra não menos querida, Nena Medeiros.

O Wilson eu já conhecia, mas é sempre um prazer encontrar o nosso cronista do duplo, do triplo, do quádruplo sentido -- sem perder a elegância -- ao vivo e em cores. Os outros, eu conhecia só de foto. Mas é impressionante como eles se parecem com as fotos deles!

A Nena, vindo da aula de tênis a caráter, com raquete e tudo, apenas passou pra deixar um abraço, o que muito me honrou, de modo que conversou brevemente comigo e com o Wilson e foi-se embora antes de os outros dois chegarem. Tinha compromissos muito nobres com o Proanima.

A mesa comprida já estava toda tomada pelos amigos quando chegou o Alexandre. Gente, ele é tímido! Pode? O cronista do Zé de Marley é um cara tímido. Mas não demorou pra que o Wilson, com aquele jeito manso e amigável, fizesse com que ele se sentisse à vontade.

Em seguida, chegou a Edna, que está em Brasília a trabalho e foi lá prestigiar o evento e acabou conhecendo pessoalmente três coelhos recantistas numa cajadada só, além, é claro, de muitos dos personagens que frequentam minhas crônicas.

Devo confessar que acabei, sem querer, negligenciando um pouco os amigos antigos. Mas nós, do Recanto, tínhamos tantas coisas pra conversar...

E com certeza ninguém há de negar que nada substitui o olho no olho, a fala enriquecida pelo timbre da voz, o sotaque, as entonações, ritmos e pausas, as expressões faciais e corporais, bem como o calor da proximidade física. Conhecer pessoalmente amigos virtuais é algo de muito emocionante.

E tem mais: cada um deles é quase exatamente como eu imaginava -- mesmo o Wilson, com quem eu já tinha me encontrado em outra ocasião -- e são o retrato fiel de seus textos.

A Edna é, na estatura, inversamente proporcional à grandeza de suas crônicas, que sempre têm informações úteis de cunho social, cultural e pessoal. Sua fala tipicamente nordestina, fluente, coloquial, afetiva, é aquela mesma que ela usa nos seus escritos, sem tirar nem pôr. E é conversadeira como costumam ser os escritores em geral, que vão desfiando os assuntos que puxam outros e mais outros e outros mais.

O Alexandre, com o jeitão tímido e um tanto ansioso, mistura em igual medida o lado irreverente, tão bem representado pelo seu personagem Zé de Marley, com o lado romântico, evidenciado nos seus textos recheados de lirismo urbano e atual. Seu olhar, às vezes quase assustado, subitamente ganha um brilho intenso quando ele solta o sorriso maroto, como o menino travesso que confessa meio que se desculpando uma traquinagem feita sem maldade nem más intenções.

A Nena, com seu jeito prático e o olhar extremamente observador, é daquelas pessoas que sabem ouvir com os olhos, o nariz e todos os sentidos. E que são capazes de, a qualquer momento, organizar a bagunça que os outros fazem e ainda transformar isso em crônica ou conto ou até mesmo poesia. O seu senso de humor transparece nos frequentes sorrisos que quase fecham seus olhinhos e iluminam o rosto. Pena que não pôde levar o maridão e as cachorras e ficarem todos até o final da festa... eu teria adorado conhecê-los todos.

O Wilson dispensa maiores apresentações. Sabe aquelas crônicas que começam com a fala mansa, contando um causo que vai nos levando pr'um lado, mas acabam desembocando em outro totalmente inesperado e invariavelmente engraçado? É assim mesmo que ele conversa e se expressa. E roam-se de inveja (hehehe), fanzocas do moço: ele é bonitão à beça! Além de ser um poço de simpatia, aquele cara que você tem a impressão de conhecer há séculos, praticamente um amigo de infância.

Depois disso tudo posto e exposto, vocês hão de convir que eu não exagerei em nada na introdução desta crônica. Foi um aniversário inesquecível, cujas recordações ficarão bem guardadinhas no meu coração pro resto da vida. Bem como as muitas fotos que a Edna e o Alexandre tiraram e a linda foto que a Nena nos enviou hoje pela manhã.

E eu só tenho a agradecer a todos os velhos e novos amigos que lá estiveram, levando o seu carinho e simpatia, o melhor presente que eu poderia desejar.

Espero que estes encontros se repitam muitas e muitas vezes e que outros recantistas queridos possam somar-se a nós, pra que não tenham que esticar as canelas com a saudável e inevitável "inveja" que possa rolar.

:)

Maria Iaci
Enviado por Maria Iaci em 30/04/2010
Reeditado em 03/05/2010
Código do texto: T2229102
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