FANTASIA - IMAGINAÇÃO EM DIA DE FOLGA -
 
 
 
 
Às vezes eu me imagino um poço de questionamentos e contradições   A culpa, talvez, como dizia um amigo meu (Mário M. Porto), é da inteligência, do espírito analítico, que necessita da sanção dos sentidos para admitir a evidência, e como os sentidos são infiéis e a evidência fugidia me leva a tropeçar a cada passo e a me contradizer  em cada instante.  
 
Tem um raciocínio de Kant, que eu acho interessante, diz ele que não importa a existência ou a inexistência das coisas, mas, sim a crença ou descrença que das coisas se tem.  Estaria a realidade dentro de nós...? Até onde “os homens de pensamento entrevêem a predominância da ficção sobre o real, ou melhor, que o real, o verdadeiro, é o que está dentro de nós, e não o que vemos e palpamos no mundo vário das exterioridades?”
 
Convenhamos que o Kant tenha lá suas razões... Mas, por outro lado, como é que fica a indagação de Luigi Pirandello de que se o espírito se submete a uma convicção, esta não acabará por dominá-lo totalmente e mesmo por aniquilá-lo?
 
Acho que só recorrendo a Sócrates com o seu “só sei que nada sei”, para nos lembrar da nossa ignorância, pois eu, Kant, Pirandello e os demais homens pensadores não sabemos nem onde na vida termina a realidade e começa a ficção.
 
Sabe do que mais? Que eu caia nos braços da fantasia – “que é a imaginação em dia de folga” – e fique a admirar a beleza do céu azul quando na realidade ele não é céu e nem é azul...
 
(texto inspirado no ensaio sobre Estética do Direito – autoria do professor Mário Moacyr Porto , já falecido)
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 30/04/2010
Reeditado em 30/04/2010
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