Nostalgia
Hoje resolvi virar os ponteiros do meu relógio ao contrário, e voltei ao passado. Fiz algo que posso chamar de "operação F.A.X.I.N.A". Revirei pelo avesso fotos, cartas, e em meio a uma tonelada de lembranças, descobri que a minha memória não anda tão falha assim. Era muita tranqueira, mas também no meio dessa "tranqueira" encontrei pedaços de mim que perderam-se no tempo. Quem nunca guardou algo para lembrar-se do que foi vivido: uma foto, uma carta, o ingresso do show inesquecível com a pessoa inesquecível, talvez?
Porém objetos não substituem pessoas, muito menos trazem quem gostamos para perto de nós, servem somente para nos confortar. Podem também sufocar o esquecimento, mas NUNCA aliviará a saudade. É como li esses dias em um e-mail que recebi onde comparava a vida a um vagão de trem: onde, a cada estação, pessoas vem e vão...às vezes estão com você, mas não no mesmo vagão; outras sentam-se no mesmo vagão que você, e outras desembarcam e você poderá nunca mais vê-las...é assim durante toda nossa viagem louca nesse imenso trem que chamamos de VIDA. Assim podemos ver que pessoas que amamos desembarcam, mas em compensação embarcam pessoas que mudam a rota da nossa viagem, tornando-se também especiais. Embarques e desembarques são inevitáveis, a razão deles ninguém sabe. Apenas acontecem. Nos convidando (muitas vezes sem querer) ao recomeço.
É, nunca gostei muito de fazer faxina. Mas é bom fazer faxina às vezes: faxina na alma, e do que queremos não nos lembrar mais. Se for pra guardar algo, que seja apenas na memória, para lembrarmos dos bons momentos, deixemos que eles invadam nosso coração e tragam marcas. E os ruins? Aah! Deixemos que se percam no tempo, até ao ponto dos objetos que os lembrem se tornarem tralhas insignificantes em nosso guarda-roupas!