O Futebol e a Tática...

Muitos torcedores e cronistas enaltecem o futebol "arte" desenvolvido pela equipe santista da atualidade, porque no time do Santos não possui um esquema efetivo que vise resguardar o lado defensivo, como acontecem com muitas equipes que são fracas, mas que procuraram alcançar resultados satisfatórios com esquemas táticos que na maioria das vezes deixam o futebol sem empolgação, já que o papel de se defender não é um atributo simpático no futebol, considerando que são as jogadas ofensivas que chamam a atenção e empolgam os torcedores.

O futebol mundial apresentado nesta quarta-feira oscilou entre a arte e as táticas de defesa que enfeiam as jogadas e deixam o jogo trucando e sem emoção. A arte estava presente no estádio do Mineirão no jogo entre a equipe santista e o atlético mineiro, conquanto deu gosto de ver duas equipes ofensivas que jogaram pra frente, visando alcançar o gol do adversário, embora ambas as equipes estivessem bem postadas dentro de campo, para que tomassem a posse da bola. Por isso o jogo ofereceu um placar elástico de 05 gols num só jogo. Fazer uma marcação eficiente no meio de campo para retomar bola para poder atacar é a tônica que deveria fazer parte do repertório de todas as equipes que desejam apresentar um futebol digno de aplausos. Entretanto, armar-se no meio de campo para tomar a bola e não saber o que fazer com ela, como se tornou a tônica de muitas equipes do futebol mundial é o maior vexame em termos táticos que já se viu, não agradando ninguém, nem mesmo o técnico que arma tal esquema.

O oposto do que ocorreu ontem no Mineirão ocorreu nos gramados espanhóis, mormente na partida entre Inter de Milão X Barcelona, onde só se viu um futebol troglodita, sem criação, com jogadas trucadas, não causando qualquer tipo de emoção ao torcedor, a não ser a raiva normal quando não se vê gol, mas apenas as equipes se defendendo. O jogo foi um desastre, em face do esquema tático armado pelo treinador Mourinho, da Inter de Milão, jogando o tempo inteiro com dez jogadores atrás da linha divisória do campo adversário. Foi patético ver Etô e Maicon se esconder na linha de defesa, como se fossem animais selvagens dando bote nos adversários para que eles não pudessem chegar ao seu gol. Como sabemos, nenhum desses jogadores tem essas características. Mas Mourinho os fez ficar apáticos no jogo e correndo como cães atrás da suas presas. Isso a meu ver não é futebol, mas apenas um amontado de homens se misturando em lugares errados do gramado, não permitindo que a bola chegue ao seu destino.

De outro lado, lá no Mineirão a bola procurava incansavelmente o gol adversário, pois a cada instantes surgiam jogadas ofensivas que poderiam aumentar o placar para ambas as equipes. Alás, o Atlético e seus jogadores demonstraram visível empenho para superar o adversário (e conseguiram), mas não com esquema covarde e 'retranqueiro', mas com ousadia no ataque, mesmo ante um adversário tão temido e aguerrido como é o Santos. Foi essa ousadia, esse empenho ofensivo que fez o atlético vitorioso. Não tenham dúvidas caros leitores que na Vila Belmiro veremos um outro jogo cheio de gols. O Santos continuará jogando incansavelmente no seu campo ofensivo e o Atlético terá de desdobrar-se para impedir essas jogadas ofensivas e ao mesmo tempo impor lances que causem certo recuo do adversário.

Isso deve servir de exemplo para o Dunga e para a nossa seleção brasileira, pois não raras vezes deparamos com adversários que jogam em duas linhas de quatro entre a marca divisória do seu próprio campo e a defesa, acumulando jogadores no seu próprio campo, o que impede as jogadas ofensivas do adversário. Isso torna o futebol angustiante e sem graça. Esse foi o jogo que presenciei ontem vendo Inter de Milão X Barcelona. Nem mesmo o Messi que se tornou a "bola da vez", teve capacidade para sair de tamanha linha defensiva.

Diante desse quadro sombrio vem aquilo que mais questionamos no momento. Será que o Brasil, diante de um esquema troglodita como este acima citado, terá como desvencilhar-se dessa ostensiva forma de se defender, fazendo jogadas criativas para chegar ao gol? Não creio que possamos cultivar esperanças, com o tanto de volantes (com características apenas de marcação) que estão na iminência de serem convocados, em detrimento de jogadores criativos e velozes como são o Neymar e Ganso (ambos do Santos Futebol Clube). É verdade que no grupo também deverão estar Robinho, Kaká, Luiz Fabiano etc. Entretanto, minha preocupação está voltada para a criatividade e o lado individual de cada jogador, pois acho que existe hoje na seleção mais "brucutus" do que jogadores criativos.

Enfim, como a seleção ainda não foi convocada, também não cabe nenhuma crítica antecipada. Esperamos que uma luz de maior alcance ofensivo se instale na mente do Dunga e ele possa ter jogadores no seu elenco que sejam capazes de romper essas odiosas barreiras defensivas.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 29/04/2010
Reeditado em 30/04/2010
Código do texto: T2226575