VAI A ALIANÇA, FICA A UNHA NO DEDO
Eu tinha medo da separação.
Para mim, era como se fosse a extração de uma unha; já que, em pensamento, seria unha e carne nosso sentimento.
Sempre fomos um para o outro, presos e soltos nas amarras do tempo, livres nos espaços e condicionados ao fim interminável. Sim, fim interminável... É aquele que acabou, mas finge que perdura para todo o sempre, amém! Só a razão não vê o que os olhos veem e nem o coração sente.
Por que insistir em algo que se perdeu e ficar tentando encontrar? Insistir em cortar a unha que fere, reparar a unha quebrada, retirar a lasca quase solta, depois que a carne foi mesmo ferida?
Até o que nasce preso, com o tempo vai se soltando; e, finalmente, quando se solta é que se nota o crescimento. A unha só está grande quando se solta e passa da ponta do dedo.
Não adianta roer as unhas, ser onicófago, para que esse momento não chegue nunca. Roer, roer... corroer para acabar morrendo na raiz que sempre brota.
Sem medo, hoje posso dizer que minhas unhas estão em minha carne, desfilam de vermelho, rosa ou conhaque. Ficam compridas, curtas, redondas ou quadradas. São minhas...
Só vi o que perdi, quando perdi o que temia.