Coletânea!?

As tardes rendem muitas histórias. A literatura está no centro da discussão. Mas, quando mulheres se reúnem os assuntos brotam como água em solo pantanoso.

“Você viu quem foi assaltado? Nossa! O assalto aconteceu bem em frente ao mercado municipal. O ladrão o derrubou para levar a carteira.”

“Vera, o dono da pastelaria contou que ele estava com vinte reais na carteira.”

A conversa se estende a toda espécie de assunto, de doença até receita culinária.

“Paula, a gata da Valéria foi atropelada!”

Nossa! Preciso ir visitá-la. Em que hospital ela se encontra?”

“Ela morreu!”

“Nossa!”.

Lágrimas e soluços.

“Não chore Paula foi a gatinha Cetim, que morreu!”

“Aí que alívio.”

Risos invadem a sala.

“Meninas vamos voltar para o tema sobre a nossa coletânea.”

Mabel é uma moça conhecida por sua paciência e dedicação.

A idéia é publicar uma coletânea de contos e crônicas dos participantes das rodas literárias feitas durante o ano.

O que ela não sabia é o quanto a coletânea ia render de dor de cabeça.

“Bem! Quem vamos convidar para completar o número de participantes para diminuir o custo da publicação?”

A falação corre solta. Nomes de vários amigos são lembrados. Mabel fica de fazer o convite para cada um.

Uma vez por mês a reunião gira em torno da coletânea. Quantos foram os que aceitaram. A divisão dos textos para cada um. E a forma de pagamento. A parte monetária rende outra reunião. Na hora de abrir a bolsa tudo se complica, e até mesmo, Adam Smith, autor da The Wealth of Nations, perderia a paciência e deixaria de lado o seu estudo sobre os problemas associados à divisão do trabalho e as trocas: o valor e os preços, o dinheiro e os rendimentos.

À cada nova reunião todas as idéias expostas precisam ser ratificadas é que sempre há aquela que chega atrasada e pega o bonde andando. O blá,blá, blá toma vulto de feira livre. A atrasada começa a questionar a colega sentada ao seu lado. E, assim a conversa paralela parece não ter mais fim.

A editora envia o boneco para que cada participante da coletânea faça a correção dos seus textos. O martírio recomeça para Mabel, recados eletrônicos, telefonemas, contudo, três ou quatro integrantes da coletânea demoram em fazer a releitura e a correção.

A editora cobra a data da entrega dos textos relidos pelos autores. Mais correria.

Livro no prelo!

Como e onde fazer o lançamento. Bem! Deixo essa parte para continuar depois. A certeza, caro leitor é que a confusão continua...