Adultos Infantis

Quatro jovens amigos com idades entre vinte e um e vinte e sete anos combinaram de se encontrar para "fazer uma social" na casa de um deles. Eram dois homens e duas mulheres. Iam comprar bebida e ficar conversando sobre assuntos comuns, rir bastante, assistir uns vídeos engraçados na internet e quem sabe ver um filme.

Pararam o carro em frente ao depósito de bebidas, onde os preços eram mais camaradas (é claro) e desceram. Mas do outro lado da rua havia um parque de diversões que chegara na cidade poucos dias antes. Até que um deles sugeriu entrar lá e dar uma volta. "Porque não?", pensaram todos.

Entraram e começaram a observar de tudo: famílias, muitas crianças, casais apaixonados, mais crianças, grupos de pré-adolescentes, adolescentes e mais crianças. Um dos amigos disse: "O que nós estamos fazendo aqui?". Todos riram. Até que uma das mulheres teve a brilhante idéia: "Vamos no La Bamba?"

Pra quem não sabe, La Bamba é um brinquedo circular, de mais ou menos 10 metros de diâmetro com um banco por dentro que preenche toda a extensão da borda e com canos de de aço acima do banco. As pessoas sentam, seguram nesses canos e o brinquedo começa a girar e sacudir muito, com música ao fundo. Eu, particularmente, acho muito divertido. É bem engraçado ver todo mundo em volta rindo e pulando!

Mas a outra amiga ficou relutante. Dizia: "Gente, olha só o pessoal que tá saindo! São apenas crianças e um casal de adultos malucos! Eu não vou nesse troço. Tá todo mundo olhando! É uma vergonha!" Então os outros começaram a novela de tentar convencê-la a entrar no brinquedo. Depois de muito sufoco, conseguiram. Ao subirem, as duas mulheres do grupo perguntaram para o operador se poderiam deixar suas bolsas ali guardadas, enquanto brincavam, mas o homem não deixou. Então se sentaram, passaram os pés pela alça da bolsa e colocaram entre um corpo e outro, por debaixo das pernas. "Não acredito que estou fazendo isso", pensou a mulher de voto vencido, enquanto a outra estava eufórica para relembrar os velhos tempos. Agarraram com força os canos de aço para não cairem.

O brinquedo começou a funcionar. Em poucos segundos todos estavam pulando e quase caindo uns por cima dos outros. Os quatro amigos estavam rindo muito, mas muito mesmo. Um olhava pra cara do outro sacudindo e gargalhava. Foi um momento muito divertido e inusitado para todos eles.

Quando acabou a diversão, todos desceram do brinquedo ainda rindo bastante. "Ahhh!! Você se divertiu! Eu sabia!" - disse uma amiga para a outra, que sem querer sucumbir, disse: "Eu estou toda descabelada." Todos riram.

Deram mais uma volta no parque, não foram em nenhum outro brinquedo, mas porque não queriam perder a hora, pois o depósito de bebidas iria fechar. E continuaram seu passeio como haviam planejado.

Refletindo, as pessoas precisam se despreocupar mais, precisam de pausas, longas pausas entre as correrias do dia-a-dia. Porque as obrigações de uma vida adulta e séria, onde todos trabalham tanto para sobreviver, os deixam duros por dentro. Relaxar e sorrir é preciso. E acredito que os adultos precisam ser mais infantis, mais brincalhões, mais bobos. Eu admito que jogo "colheita feliz", aplicativo do site de relacionamentos "orkut" e por incrível que pareça, a maioria dos outros quase cem jogadores amigos meus são adultos. Alguns com quase sessenta anos.

Porque não ter um hobby infantil ou juvenil, como comprar o álbum de figurinhas da Copa do Mundo? Ou Jogar paintball com os amigos? Andar de kart? Ir ao parque de diversões? Colecionar carrinhos? Jogar vídeo-game? Isso não significa imaturidade (é claro que depende da intensidade da diversão, nada em excesso faz bem), mas significa ser você mesmo, ter uma válvula de escape para tantos aborrecimentos rotineiros. Significa ser mais sensível e menos turrão. Significa relaxamento, diversão, batimentos cardíacos menos acelerados. O mundo precisa disso. Adultos mais felizes e sorridentes, que sabem ser criança na hora certa. Pessoas assim têm a mente mais tranquila para resolver os próprios problemas e os problemas do mundo.

Sou à favor da diversão, qualquer que seja, desde que não prejudique ninguém e desde que seja na hora certa. Quem só trabalha e reclama da vida não é feliz.

28 de Abril de 2010

Ana Marlyny Monteiro Souza
Enviado por Ana Marlyny Monteiro Souza em 28/04/2010
Reeditado em 28/04/2010
Código do texto: T2225038
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