CINE MARACANGALHA - Livro de José Augusto Berbert
Li, com muito prazer, as 164 páginas do livro CINE MARACANGALHA, do nosso querido escritor José Augusto Berbert de Castro, Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia e da Academia de Letras de Ilhéus - um lançamento do Espaço Maracangalha, cujo compêndio me foi presenteado pelo afilhado e diretor de TV - Beto Magno, com especial dedicatória do autor.
Trata-se de uma coletânea de crônicas do médico, jornalista, cronista e cinéfilo mais respeitado na Bahia, cujos méritos levaram-no a conhecer pessoalmente inúmeros atores, atrizes e diretores de Hollywood pessoalmente, em viagem de prêmio aos Estados Unidos. É uma vida inteira dedicada ao cinema, imortalizado em sua coluna ULTRALEVE no jornal A TARDE, de Salvador. E como bom baiano, Berbert homenageia muita gente, em especial, os jornalistas Antonio Simões, Jorge Calmon e Edvaldo Boaventura, seus diretores de A TARDE, com muita justiça. Todos merecem. São grandes homens, a serviço da imprensa e das letras na Bahia.
Ao descrever a bucólica e romântica Maracangalha, o autor refere-se aos 7 samurais – nº 1 - Emilton Moreira Rosa (filho mais ilustre de Maracangalha, Cônsul do Japão na Bahia); o próprio Berbert como samurai nº 2; nº 3: José Valdomiro “Zezito” Pena, nº 4 Frederico Meireles Dantas (Maestro Fred Dantas), nº 5: Izabel Ceres Araújo Rosa (única mulher do grupo, responsável pelo Espaço Maracangalha e esposa de Emilton), nº 6: Odecil Costa Oliveira e o nº 7: Naomar Monteiro de Almeida Filho.
Maracangalha sediou a Usina Cinco Rios, pertenceu a três municípios: Santo Amaro, São Francisco do Conde e São Sebastião do Passé e, por isso, tem três santos como padroeiros: Santo Amaro, São Francisco e São Sebastião. O Cine Maracangalha, foi dos primeiros do interior baiano, como diz Berbert, na época do cinema mudo. Pertencia ao comerciante Paulo Rosa, pai do samurai Emilson e de outros filhos doze, destacando-se Eremita que acompanhava os filmes com seu bandolim que ficaria famoso.
Através das crônicas de Berbert, sabemos que Dorival Caymmi, sem conhecer aquela terra maravilhosa, compôs “Eu vou pra Maracangalha, eu vou/Eu vou de uniforme branco, eu vou/Eu vou de chapéu de palha, eu vou/Eu vou convidar Anália, eu vou/Se Anália não quiser ir eu vou só, eu vou só, eu vou só...” tornou-a imortal... Além disso o nosso grande cronista faz desfilar em seu belo roteiro, as maiores personalidades de Maracangalha e fatos marcantes da sua vida comunitária, as festas, a praça Caymmi, em forma de violão, as brigas, as farras, o samba-de-roda, enfim, a história de um povo, seus costumes, sua queda para a dança, para o artesanato, culinária, seu apego religioso e o culto a três padroeiros, além do fechamento da Usina que levou o lugar ao quase abandono.
Nas páginas de “Cine Maracangalha” desfilam as figuras de Almofadinha, Ana Engomadeira; André (a quem se atribui a morte de Besouro Cordão de Oura, ou Besouro Mangangá); Antonio Sêo Cu (que fedia feito gambá); Assombra Onça ( o cara mais feio do lugar); Bertolino do Folhetim, famoso por escrever folhetins em capítulos e distribuí-los entre seus leitores; Besouro Mangangá, arruaceiro que foi morto com uma estocada em plena luta contra André; Bico Nisso, Ernesto Repentista e muitos outros personagens.
O autor retrata com carinho seu namoro e casamento com a esposa Lícia, as amizades que levaram-no a Maracangalha, creditando a Emilton Rosa, cônsul do Japão na Bahia, o nº 1 dos 7 samurais, filho do comerciante Paulo Rosa que tinha uma casa comercial de 11 portas de frente, onde de tudo se vendia, a felicidade de conhecer e privar da intimidade das famílias maracangalhenses. Fala da única mulher samurai - Izabel Ceres Araújo Rosa, esposa de Emilton e, como vem fazendo nos últimos anos, diz que este será seu último livro. Esperamos que venham mais. Quem sabe, ainda possamos beber tanto amor pela nossa terra nas palavras carinhosas e sábias do nosso grande cronista. Mais alguns livros e dez anos de convivência, Berbert. Hosanas!