Intervalo de cinema
Houve tempo em que íamos ao cinema, víamos dois filmes e mais uma série em capítulos. Pagávamos barato e ainda tínhamos tempo de flertar com os meninos nos intervalos. Bons tempos!
Tudo bem, não havia muito conforto, pois as poltronas eram de madeira, mas era divertido e nem sentíamos esse desconforto por não conhecer coisa melhor. Não precisava ficar comendo dentro do cinema, pois o intervalo era para dar lucro para a cantina, com aqueles sorvetes de groselha, que de tão doce doía até a orelha. Ah, havia refresco de groselha também. Não me recordo de outro sabor, talvez porque não gostasse desse.
Acabava o primeiro filme e levantávamos imediatamente para ficar de costas para a tela olhando a platéia cheia. Quantos casamentos começaram nesse simples virar de posição, num intervalo de cinema.
Recentemente discutia com um amigo sobre namoros virtuais, seus perigos e sua freqüência. Os jovens estariam de tal forma presos ao computador que só conseguiam arranjar namorados pela telinha. Se não é seguro é porque não é seguro também viver. Não me diga que todos os freqüentadores dos cinemas de hoje, e sempre, são dignos de confiança. Não me digam que os perturbados mentais só andam por aqui, pelo virtual.
O que mudou em relação á violência foi a sociedade e o perigo ronda crianças, jovens e adultos em qualquer espaço.
Só no computador os jovens ficam sós. Em todos os outros lugares e inclusive no caminho da escola estão acompanhados dos pais ou outro adulto responsável. Nós íamos ao cinema sozinhos e lá era o nosso espaço, convivendo com gente de nossa idade, e com os mesmos interesses. Jovens também precisam estar sós.