VALEMOS QUANTO?

Já paramos para fazer seriamente essa indagação? Já nos passou pela cabeça fazer tal ponderação? É possível confessar que realmente nos colocamos em uma balança própria onde somos nosso julgadores? Nesse escaninho não habita a imparcialidade.

A caminhada se cursa sem avaliações, é o ideal, simplesmente enceta-se a jornada e prossegue-se.

Todos devem ter justo orgulho pelo bem que foi feito, nunca subir a alturas por tal motivo, resultaria esvaziado o mérito.

Dá-se importância ao que é importante, desimporta o que somos, mas o que fazemos como positivo em todas as direções.

Há os que dão pouca importância ao que fazem ou fizeram, sabem que cumprem uma missão, simplesmente fazem ou fizeram, e continuam a fazê-lo, serenamente. Vejo muitos nesse patamar, embora exista um sinalagma forte da egolatria reinante.

A busca do fazer para ouvir aplauso deve cingir-se ao teatro. Lá estão os atores. Visível fica o palco para ser visto e aplaudidos seus integrantes. Persiste uma profissão que lança encenação, a vida é diferente, não é encenação, mas realidade.

Teremos balizas na vida, dirá nossa escolha, não estamos no palco, a vida é luz do arbítrio, chama acesa no vestíbulo da consciência que nos leva ao bem ou não conforme passos seguidos, e só.

Com mais próximos, amigos, conhecidos e familiares, e com a sociedade, somos chamados e indicado o chão onde vamos caminhar, distantes do aplauso fácil que não faz crescer, desprezível para avisados do falso entorno que dá para esperar recompensa, aceitando com humildade o reconhecimento que nada mais é que festa da obrigação, jamais halos meritórios.

Somos o que somos, e seremos, razão pela qual viemos, e assim prosseguiremos, sem abortar realidades da alma ou precipitar no abismo das realidades a vã glória.

Pela boca de Iago, em Otelo, Shakespeare lembrava “É no que dá levar a vida airada”, “Consciência culpada sempre fala por si mesma se a lingua perde a fala”.