OBJETOS OBSOLETOS
Certos objetos caíram em desuso, tornaram-se de péssimo gosto a ponto de nos admirarmos de que houve época em que eram usuais e até elegantes.
Na casa de minha avó, quando eu era criança havia na sala de visitas, aquela reservada a visitas cerimoniosas e que nós, as crianças, quase nunca adentrávamos, nada mais nada menos do que uma escarradeira.
Isso mesmo, uma escarradeira de porcelana, combinando com os vasos, peça de decoração de duvidosa utilidade.
Será que as visitas de meus avós davam cusparadas naquela elegante baciazinha com água límpida no fundo?
Não sei, mas, se quisessem o fariam, pois a tal ali estava para isso.
Embaixo das camas, discretas, outras peças se escondiam para o caso de alguém precisar delas durante a noite,
Também estas, nos quartos de hospedes ou de casais em lua de mel, eram de porcelana combinando com o conjunto jarra, bacia, saboneteira para a higiene matinal. colocados em cima do lavatório. estes com espelhos móveis para que seu usuário pudesse mirar-se de todos os ângulos.
Nas mesas de refeição não podiam faltar os paliteiros e as pessoas não se constrangiam em esgravatar os dentes e cuspir os dejetos.
Os cinzeiros até pouco tempo eram indispensáveis em toda parte, nas salas, nos quartos, nos escritórios, nos carros, nas mesas de restaurantes.
Um cinzeiro era um presente muito usual. Havia uma grande variedade para todas as necessidades, todos os preços, de chão, de mesa, de bolso, de porcelana, cristal, prata, latão, madeira, etc. etc.
Há bem pouco tempo, fumar era prática comum, elegante, ninguém se lembrava dos malefícios do fumo e pitavam em qualquer lugar, nos coletivos, na proximidade de crianças, de doentes ou simplesmente de não fumantes.
Hoje, os fumantes não se orgulham de seu vício, sofrem restrições, tem que ser discretos e ninguém mais teria coragem de presentear alguém com um cinzeiro.
Qual será a próxima peça a ser descartada?
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