Notícias de velhos coronéis (1)

Itabaiana teve chefes políticos, como todas as cidades provincianas, mas nossos coronéis eram sujeitos até decentes, sem a truculência e a tirania que marcaram esses mandões. Controlando o poder político, social e econômico, o chefe era arbitrário e absoluto. Prendia e soltava, mandava no juiz, no delegado e no promotor, controlava a mesa de rendas e o prefeito, casava e batizava, e quem não gostasse levava uma surra ou um tiro de bacamarte nas fuças. Ficou famoso o coronel José Pereira, de Princesa Isabel, aquele que se revoltou contra João Pessoa e desencadeou o maior conflito interno da Paraíba.

Mas fiquemos nos nossos coronéis. Coronel Manoel Germano de Araújo governou Itabaiana de 1901 a 1904. Foi um homem de bem, manso, cordato e amante de sua terra. Era o Neco Germano, proprietário de terras que viu seu patrimônio desaparecer, entrando em decadência. Conta Sabiniano Maia que o Coronel Neco Germano devia muito dinheiro à prefeitura, de impostos prediais, já que era proprietário de imóveis na cidade. Seus amigos ofereceram-se para contribuir no pagamento da dívida, mas ele recusou. Vendeu algumas casas que restavam e pagou a dívida. Foi seu último sacrifício por Itabaiana, cidade que amava e a quem dedicou toda sua vida. Morreu pobre, mas honrado. Hoje, os prefeitos só faltam vender os prédios das prefeituras.

Em 1924, formou-se a coligação para apoiar Fernando Pessoa como dirigente político da cidade. Essa coligação era composta pelos coronéis Firmino Rodrigues, João Baptista Lins de Albuquerque, Manoel Germano de Araújo, Manoel Joaquim de Araújo, Antonio Bezerra de Menezes, Francisco Cavalcante de Sá, João Martins da Silva Filho e Antonio Coutinho de Lyra. Muitos coronéis para poucos soldados.

Fernando Pessoa foi o último chefe político absolutista de Itabaiana. De lá para cá, muitos prefeitos ainda ameaçaram vestir a casaca do chefão arrogante e atrabiliário, mas sem a força dos antigos coronéis chefes políticos. Amanhã conto a história de um desses prefeitos, o comerciante José Augusto Pinto Ribeiro, administrador da Prefeitura no período de 1942 a 1945.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 26/04/2010
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