Insanidade ou fanatismo religioso?
Fiquei estarrecida com uma notícia estampada no jornal aqui do Piauí.
Geralmente eu não fico atenta a notícias de crimes, esses fatos que infelizmente se tornaram corriqueiros e querendo ou não somos obrigados a conviver diariamente com eles.
A foto da jovem de 24 anos ajoelhada e os dizeres: “Matei por Deus” me fez parar e ler a reportagem.
A jovem havia matado os pais adotivos utilizando machado, serrote e pau na cidade de Timon, estado do Maranhão. Segundo comentários dos policiais, eles nunca tinham visto um crime cometido com tamanha crueldade.
O motivo para tal ato? Dívidas com o dízimo de uma igreja evangélica.
De acordo com relatos, a jovem queria que os pais lhe desse dinheiro para saldar a dívida. Como ambos se negassem, a jovem partiu para essa ação monstruosa.
Estou escrevendo a respeito desse fato porque me preocupa como a religião pode estar influindo na vida das pessoas. Não falo como crítica a religião evangélica e nenhum outro tipo de religião. Falo como crítica a alguns líderes de igreja que se esquecem do básico em uma religião: O desprendimento aos bens materiais, ou seja, ao dinheiro.
Tenho consciência plena de que todas as igrejas são sustentadas pelo dízimo e por isso necessitam dele sem poder abrir mão. Daí também eu não criticar o dízimo. Entretanto, penso que o dízimo deveria ser voluntário e não obrigatório. Os dirigentes das igrejas poderiam conhecer com maior profundidade seus fiéis para não exigirem mais do que eles seriam capazes de pagar.
Um crime bárbaro desse conduz à reflexão de como a questão financeira está sendo colocada nas igrejas.
Deus jamais permitiria que se matasse pai e mãe para pagar dízimo.
Penso que essa jovem ou é completamente louca ou totalmente fanática. Duas alternativas que não deixam de serem iguais, apesar de ganharem abordagem diferente.
O louco não é senhor de seus atos e não sabe diferenciar o mal do bem. O fanático, a meu ver, também apresenta transtornos psíquicos.
Deus é amor, é perdão, é clemência e misericórdia. Não se mata em nome de Deus.
Temos o exemplo dos homens e das mulheres bombas que ao se matarem levam muitos inocentes com eles. E tudo quase sempre “em nome de Deus”.
É triste observar esses acontecimentos.
A religião e a igreja têm que obrigatoriamente serem canais do bem.
Se não for o que restará para a humanidade?
Desculpem-me por escrever algo tão triste e assombroso, mas não consegui resistir ao desabafo através das letras.
Nada acontece por acaso e eu não quero aqui julgar ou condenar ninguém. Todavia eu quero refletir, quero externar toda a minha incredulidade diante desse fato horrível que me chocou bastante.
Religião e igreja são para orientarem pessoas para a prática do amor, da solidariedade, da fraternidade, da doação. Não podem jamais serem fábricas de fanáticos, de suicidas e assassinos.
Até quando?