Conhecer alguém
Considero a apresentação como um pacto, gestos que atendem a um ritual, uma espécie de iniciação que, apesar das intenções, não se sabe bem como evoluirá.
- Muito prazer! Dizemos esta frase sem pensar muito. A fração de segundos na qual se dá a primeira impressão, normalmente composta de um interesse padrão, logo poderá ganhar cores discretas das informações que temos guardadas e que imediatamente tentamos encaixar no perfil recém-observado. Salvo algumas primeiras impressões digamos... Mais intensas, fazemos isso tão automaticamente como respirar. Tão rapidamente como piscar os olhos, mas somente com a convivência é que iremos ratificando, modificando aos poucos ou alterando radicalmente as impressões iniciais. Na tentativa de confirmar as nossas expectativas chegamos às vezes a distorcer totalmente por um tempo a forma como realmente são as pessoas apresentadas, de modo que ficamos com boa parcela da responsabilidade por decepções ou boas surpresas, dependendo do índice de acerto das avaliações que fizermos.
O bom do “muito prazer” é mesmo sentir a seguir, que ter dito isso foi pouco. Que o prazer foi imenso! Que cresceu muito com o tempo! Até então, esse cumprimento é como sabemos, quase sempre uma formalidade, uma senha, um ingresso para um mundo que estaremos prestes a desvendar. Para ser fiel à analogia, sinopse é sinopse e filme é filme; somente assistindo saberemos se iremos gostar e quando isso acontece, jamais esqueceremos os momentos vividos, mesmo que possam ter sido poucos.