SOMOS TODOS PRISIONEIROS
Somos todos nós, prisioneiros. Das amarras mortais e imortais. Dos débitos anteriores, das algemas materiais e imateriais.
Prisioneiros da estética, pois temos de ser magros, livres de rugas, lipoaspirados, andarmos na moda, sabermos mais de uma lingua, todas as gírias, senão, estamos fora do sistema, da sociedade, do grupo, da turma.
Prisioneiros das convenções, temos de ser educados, pacientes, coniventes, dançarmos conforme a música. Um passo errado e pronto, somos párias da sociedade, da família, da vizinhança, dos amigos.
Prisioneiros da rotina, sempre acordando no mesmo horário, dormindo do mesmo lado na cama, tomando o mesmíssimo café, escutando as mesmas notícias catastróficas, fazendo o mesmo trabalho.
Prisioneiros das fofocas, temos medo do que podem ou não falar de nós.
Prisioneiros de nosso próprio ego, se somos reconhecidos e elogiados nos sentimos contente por meio hora, mas se somos esquecidos ou ofendidos, anos e anos relembraremos o ocorrido. Analistas, psicólogos, amigos, serão nossos ombros de reclamação perante a injustiça da vida.
De todas as prisões, acho que a pior de todas é o cárcere de nós mesmos. Somos nosso pior carrasco, nosso pior juiz. Nos criticamos diante do espelho, escarnamos de nossas próprias atitudes, nos flagelamos com remédios demais, comida demais, críticas demais. Somos nossos piores defensores também, porque tentamos explicar nossas piores atitudes para nós mesmos, sem ao menos entendermos porque as tivemos.
Temos tantas algemas em nosso corpo e em nossa alma que é quase impossível nos livrarmos de todas elas. Mas acho que se conseguirmos nos libertar de pelo menos algumas, já é um caminho aberto para nossa redenção.