Complexidade
Águida Hettwer

  Não há fórmulas certas e até mesmo o certo nos parece duvidoso. Aponta-se o lápis antes de escrever, delineando a grafite na esperança dos versos aparecer.
 Uma cidade é feita de pessoas residentes, ruas estreitas e largas, de trânsito caótico. De praças rangendo balanços, no vai e vem de sonhos infantis.
 
 
 O pensamento é uma ponte que arremete do outro lado da alma. Remexendo lembranças, na sala de espera do desembarque. Por hora depara-se com a aspereza gratuita da vida. Junta cacos de vidro, faz corte superficial no dedo sangra, dói e arde.
 
 
Sem assunto. O tempo pode ser o prato principal do dia. Sem vínculos ou ligações as relações tomam rumo do abismo. Afia o silêncio, como diálogo. Explicar o quê?- Somos solúveis nas águas das emoções, raramente conseguimos separar as coisas.
 
 
   Há mágoas não sanadas, palavras ditas impróprias, penosa carga nos ombros. Temos grande dificuldade em dizer o que sentimos, acumulamos aflições, descaso e indiferença. Num efeito explosivo, relatamos os sentidos, exageramos magoando a quem não devia.
 
 
   Entretanto, se usássemos o bom senso, quantas pedras não lançariam. Aproveitando a oportunidade do silêncio, ouvindo quando o outro fala. Sem nos fazermos de vítimas, colocaríamos uns nos lugares dos outros. Até quando manteremos a máscara de “bonzinhos”. Enganamos-nos a si próprios, com egos inflamados, melindres, na esperança de que o mundo nos compreenda e nos aceite. Como se nossa presença fosse coisa primordial.
 
 Realmente somos especiais e únicos. Cada um com sua digital, e marcas. Mas não deixemos-nos enganar, vaidades são arrastadas com o vento, sabedoria se obtém na condição de eterno aprendiz.
 
 
 
                                                                                                                        24.04.2010.