EVOLUÇÃO

Gosto de coisas que Deus me perdoe! Paleontologia, arqueologia, coisas deste tipo. Ficar cavando buraco em desertos ou onde for sob condições nada agradáveis somente para descobrir coisas do passado e matar a curiosidade de pesquisadores. Eu gosto de pesquisa, sou irrequieto, curioso e tudo aquilo deve ser muito bom de fazer.

Dias desses descobriram mais um elo da evolução humana, o Toumai. Todo mundo viu ou soube. Uma badalação danada. Toumai, “aquele que nasce na época da seca”, é mais um antepassado entre o chimpanzé e o homem atual, já que possui algumas características semelhantes.

Falar em chimpanzé há cientistas estudando e muito a sua organização política. Verdade! Lá, como aqui, existe um chefe, o mandachuva daquela turma, daquela nação. Consegue todo seu poder na marra e por isso precisa ser o mais forte, mais audaz, o mais astuto. Como aqui, só que com agente usa-se o poder econômico! Se tiver mais poder o mandão é o único que come todas as chimpanzés, apesar dos garotões tentarem e por vezes até conseguem com uma gracinha daquelas nada ortodoxas. Como aqui, basta ter muito dinheiro! Também, vou contar: troço mais sem graça o de lá!

Na época do cio, a fêmea já vem de ré, encosta e o macho fuc, fuc duas ou três vezes... E pronto! Mas é eficiente porque daí certo tempo há mais um chimpanzezinho pra garantir a espécie na concorrência neste mundão de meu Deus. Se você reparar, nem mudam a fisionomia, ficam na deles, com aquela cara de babaca e do dever cumprido. Se estiverem comendo uma folhinha continuam assim, não viram os zoinhos, não gemem, não dão gritinhos, nem uma tremidinha a mais, não dão aquela caprichada dos primos atuais. Nisso nós evoluímos e muito.

Mas há um particular que está atazanando os estudiosos: o chefe está no poder e sempre há um bando de caras querendo o seu lugar e há também - a maioria, diga-se – que não está nem aí, o verdadeiro Zé-povinho conformado com a sua submissão. Se algum elemento do clã, um mais graduado agredir ou maltratar de alguma forma um da ralé, imagine de que lado o chefe supremo fica? Errou, véio! Ele cai de pau em cima do graduado, porque este é o seu rival, está ali pertinho, doido para ver o circo pegar fogo e abocanhar o seu lugar. O lá de baixo nunca vai incomodá-lo e mais tarde, quem sabe? Pode lembrar-se disto e ajudar o velho de alguma forma. Como aqui no período eleitoreiro! E tem gente que não acredita que somos descendentes!

Eu já estou fugindo do assunto. Depois o Laércio liga e brabo, porque escrevi muito, não cabe e nem pode dividir, lembrando do mestre Villas Boas que faz tudo certinho dentro do seu espaço e até mesmo na TV, ao vivo, ele fala tudo no tempo sem ninguém precisar encher seu saco pelo ponto eletrônico. Brincadeira, não é não, ô Laércio! O Professor pode até se sentir ofendido, rapaz! Larga mão disso, homem! Laércio é o boss. Do jornal, claro! Do resto... Qual! Ele não joga mais essa bola toda não!

Voltemos ao Toumai. Vi um cientista explicar num documentário de televisão a importância do achado. Fiquei frouxamente ligado ao assunto até que ele fez referência às outras espécies que também não deram certo, viraram fósseis e teceu comparações com a nossa. Aí pegou, pois pelo menos duas outras ficaram neste planeta por um milhão de anos e uma segunda por quatro milhões. A nossa tem cerca de, no máximo, duzentos mil, o que é muito pouco tempo em termos de evolução e garantia de que já deu certo.

Ah! Arrisco antecipar que não deu. O que a humanidade está aprontando com o resto da natureza é um verdadeiro festival de burrices, merda pura, procurando chifre na cabeça de cavalo. Poluindo água, solo e ar do jeito que a coisa vai, acabando com tudo, se destruindo mutuamente, não vai durar muito. A terra vai acabar? Que isso! Vai nada! Nós é que vamos pro brejo com vaca e tudo e ela vai recuperar-se, ficar linda de novo e alvissareira, com um largo, eterno e esperançoso sorriso, abraçar um novo Toumai, provavelmente agora um verdadeiro filho da seca, da esterilidade e da bagunça deixadas como herança por nós, seus infames antecessores. Começar tudo outra vez! Vergonheira, meu Deus!

Vi uma foto da Terra obtida por um desses recursos técnicos atuais. Estava linda, livre e flutuando, toda revestida de um azul encantador marchetado pelo branco das nuvens e na linha do horizonte, a magnífica e suave curva emoldurada por uma tênue luz áurea que se espraiava lentamente até sumir, misturando-se ao negrume do espaço. Era a paz personificada e eu me transportei a Deus, Ele devia estar ali, nem que fosse um tiquinho à toa. Ao mesmo tempo eu me lembrei de uma citação transcendental mais ou menos assim: “e Deus fez o homem à sua imagem...” É ruim, heim! O malandro que escreveu isso aí não tava com nada. Escrachado mané!

Uuuuh! Uuuuh! Fiiiuu! Fiiiuu!

Dbadini
Enviado por Dbadini em 23/04/2010
Código do texto: T2215193