Engano
Os dois estavam, já havia um considerável tempo, muito empenhados em sua tarefa. Ele suado e um pouco vermelho; ela nem tanto, mais irritada do que qualquer outra coisa.
Ela: Não, assim não está bom. Como estava antes era melhor, faz daquele jeito novamente.
Ele: Tá, mas estou fazendo o que posso. E antes, quando estava fazendo daquele jeito, você disse que queria mudar.
Ela: Sei disso, eu lembro o que eu disse. MAs é que se antes não estava bom, agora ainda está pior. Apenas faça como antes.
Ele se ajeita e recomeça, então, a forma com a qual estava anteriormente empenhado.
Ele: E agora, você acha que está melhor? Eu gosto mais assim, mas sei que pode melhorar ainda mais.
Ela: Não, nada disso. Pode parar!
ELe: Como assim?! Estive observando você e até agora pouco, antes de eu perguntar, você estava com cara de satisfeita... Não sei se poderemos acabar.
Ela: Caro que poderemos. E eu não estava tão satisfeita assim. Por que vocês (homens) sempre acham que podem, de algum modo, natisfazer-nos (mulheres)?
Ele: Tudo bem. Vou recomeçar, mas dessa vez não farei tudo sozinho... Aliás, dessa vez você começa.
Ela: Não sei, acho que deveríamos dar um tempo. Além do mais não tem mais farinha, açúcar e a essência de baunilha está no fim. Não se pode fazer um bolo sem essas coisas.
A conclusão deste texto é que os diálogos seguem por caminhos tortos; dado um diálogo é possível que traçamos várias interpretações, e elas dependem de muitos elementos que fazem parte mais do leitor do que do ator. Desse modo a narrativa parecia sugerir algo que não tinha muita ligação com cozinha, mesmo que às vezes se envolva nisso óleo, farinha, e outras coisas tipicamente usadas por cozinheiros...