COUTOS, UM SUBÚRBIO FERROVIÁRIO

COUTOS, UM SUBÚBIO FERROVIÁRIO

O bairro de Alto de Coutos (parque Setúbal), pertencente ao subúrbio ferroviário é privilegiado por ter um dos mais lindos pôr do sol de Salvador. Ele fica incrustrado na parte alta do morro e por consequência, brinda os moradores sofridos com um dos mais belos espetáculos da natureza. Tem uma vista privilegiada da Baia de Todos os Santos, onde se vê a ilha de Itaparica e a ilha de Maré.

Acredita-se que esse bairro, assim como outros tantos do subúrbio, tenha surgido em função da linha férrea, que até hoje passa por lá e faz o transporte alternativo da maioria pobre, uma vez que sua tarifa é bem mais barata que o transporte convencional e o seu percurso PARIPE/CALÇADA é feito bem mais rápido. A base da economia é a pesca de rede e a prática de mariscagem, essa última, feita essencialmente por mulheres e crianças. O fruto da pesca serve para alimento e o que sobra é vendido no mercado do peixe, o que ajuda no sustento da família. A pobreza é enorme, assustadora; as crianças sofrem de desnutrição grave e diversos tipos de doenças, principalmente as de pele e respiratórias; verminoses, e tuberculoses devido às condições subumanas em que vivem. O Lar Fabiano de Cristo, entidade sem fins lucrativos mantida pela CAPEMISA, há quase trinta anos, tenta, ao menos, diminuir os efeitos da pobreza assistindo a 145 famílias (dados da época, 2005) oferecendo cestas básicas, educação infantil; educação sócio familiar; cidadania, justiça, acompanhamento psicológico, profissionalização e geração de renda.

Porém, isso é muito pouco diante da grandeza do abandono dos poderes públicos, criando uma situação gravíssima à população. Esse total abandono social traz consequências catastróficas para os jovens que não têm educação e emprego, o que os levam, muitas vezes, ao mundo do crime, tornando-os soldados do tráfico; assaltantes e homicidas, dando o péssimo título de um dos bairros mais violentos do subúrbio ferroviário de Salvador.

Salvador-Ba, 2005