QUANDO O AMOR SE VAI...
Se o amor se vai... (Roberto Carlos)
Se o amor se vai, lágrimas no tempo
Choram por momentos, que não voltam mais
Se o amor se vai, tudo que se passa
Já não tem mais graça, nada satisfaz
Mas se o amor está, tudo faz sentido
Tudo é permitido, tudo fica em paz.
É muito difícil identificar quando um relacionamento acabou, e quanto maior o tempo juntos, mais difícil se torna. É doloroso perceber que algo em que foi depositado tanto esforço e dedicação, além, é claro, de muita esperança, simplesmente não existe mais. É difícil assumir um fracasso e por isso os sinais ficam tão escondidos.
Muitas pessoas fingem que não enxergam e não assumem que o amor já não mais existe e assim tentam viver na ilusão. Acham que o relacionamento apenas passa por uma crise, uma fase ruim que logo passará.
Às vezes não percebemos que a pessoa, a quem entregamos o nosso coração, a quem contamos os nossos mais profundos segredos da alma, já não é a mesma. É claro que notamos que algo está errado; porém, para não sairmos do mundo de tanta magia que estamos vivendo, preferimos ignorar a realidade e assim, deixamos o tempo passar.
É preferível não notar os olhos distantes da pessoa amada, a sua presença “ausente”e nos enganarmos. Um pouco é melhor do que nada.
Não queremos acreditar que algo vai mal. Afinal, amamos tão profundamente e estamos tão felizes, que é insuportável pensar que o nosso grande amor já não sente amor por nós.
Damos o nosso máximo, entregamos a nossa mais pura essência, flutuamos, em vez de andar e ficamos como bobo, sorrindo e cantarolando o tempo todo, com os olhos brilhando. É a magia do amor.
Então, num belo dia, nosso mundo todo desaba. A pessoa nos confessa, que não nos ama mais. Que não corresponde plenamente aos nossos tão intensos sentimentos. Assim o nosso mundo cai, o chão se abre sob os nossos pés.
A profunda saudade começa a pesar, e o vazio nos avisa que precisamos tomar uma atitude. Perdemos uma parte de nós mesmos, mas precisamos recomeçar a vida.
O tempo passa e um belo dia a dor finalmente dá uma pequena trégua. Muito timidamente, começamos a sorrir outra vez. Passamos, novamente, a prestar atenção aos detalhes da vida, e despertamos lentamente, desse estágio de hibernação da alma, que ficou mergulhada na dor. O que pensamos ser uma dor incurável mostra-se frágil e tende-se a desaparecer. Então percebemos que todo dia morre um amor, contudo o amante sobrevive.
Quase nunca notamos, mas todos os dias morre um amor. Às vezes de forma lenta e gradativa, quase indolor, após anos e anos de rotina. Às vezes em forma de drama, como nas piores novelas, com direito a escândalos e tudo mais.
O amor morre em uma cama de motel, em barzinhos ou mesmo em casa, às vezes sem beijo antes de dormir, sem mãos dadas, sem olhares de cumplicidade, ou com gosto de lágrima nos lábios.
Nota-se a morte do amor quando os telefonemas ficam cada vez mais espaçados, quando os beijos esfriam aos poucos. Então o amor morre da mais completa e letal inanição.
Todos os dias um amor é assassinado, às vezes com a adaga do tédio, a cicuta da indiferença, a forca do escárnio, ou com a mortífera arma da traição. Contudo os amantes sobrevivem, o amor se vai e a vida continua. Viva o mundo maravilhoso e irreal do sonho.