Legião dos sectários do maravilhoso.

"Mais vale repelir dez verdades que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa".

Erasto

O ser humano é um animal que teme. Mas, não é atingido só pelo temor racional, ele também teme e às vezes sofre com sua imaginação e até com suas superstições.

Neste contexto ele vacila fraqueja, e busca amparo, deseja a proteção que o livre dos padecimentos. E este é um dos combustíveis das religiões e da maioria dos livros espiritualistas que circulam no mercado. Eles vêm oferecer para este leitor-consumidor, leituras rápidas, fáceis, que possam dar receitas prontas e flexíveis para dar alívio às suas múltiplas angústias.

Nada que comprometa muito, nada que o faça raciocinar em demasia, nada que o obrigue a tomar atitudes éticas mais firmes.

Ou seja, a espiritualidade também se tornou produto de mercado.

Ai surge às obras mediúnicas eivadas de fantasias e absurdos tentando doutrinar seus leitores que Kardec esta ultrapassado, e que aqueles que fazem analise critica de tais obras, são na verdade ortodoxos fundamentalistas, que tem por objetivo tirar o caráter progressivo do Espiritismo.

A verdade é que quando não existe questionamento e crítica, quando não há debate transparente, certamente haverá dominação, ignorância, apatia e graves entraves à autonomia da razão humana e ao desenvolvimento espiritual da humanidade.

São obras cheias de afirmações e mais afirmações tendenciosas e falsas, tão grosseiras e irracionais, que quase nem merecem comentários, entretanto o que me chama a atenção e que muitas delas atacam escancaradamente o grupo que eles chamam de ortodoxos espíritas.

Ora raciocine comigo caro leitor, você consegue imaginar os espíritos superiores ditando uma obra preocupados com os ortodoxos?

Alias quem são os ortodoxos?

Será que estão falando do Júlio Abreu Filho, J. Herculano, Deolindo Amorim,

Carlos de Brito Imbassay, Dr. Iso Jorge Teixeira entre tantos outros que aqui não teríamos espaço suficiente para apresentar.

Mas, todos têm um ponto de vista em comum a de que os livros espiritualistas, não-espíritas, em geral impregnados do misticismo oriental, influenciam os pensadores espíritas, de tal modo que permanece neles o ranço místico, que facilmente desliza para a superstição, ou seja, exatamente para o erro que propiciou a necessidade da Doutrina.

E que vem levando os sectários da superstição e do maravilhoso a acreditar que caiu a panela, foi um espírito, o telefone tocou e parou, foi um espírito brincalhão, tinha uma manchinha na foto, era um espírito, briga na família, é espírito obsessor, no trabalho, idem, sensação de deja vu, não pode ser estresse, são vidas passadas.

O acidente foi reajuste, o vendaval também, até o bolo que murchou no forno foi à lei da "ação e reação".

Eu acredito que isto é contagioso e se pega através da leitura destas obras, sem senso critico e o único antídoto se chama Kardec, mas, a grande maioria e doutrinada através destas mesmas obras que já esta vencida a validade do remédio.

Então não fique surpreso, pois não vai demorar muito para surgir uma obra, que venha denunciar escancaradamente, que na verdade o único errado dentro da Doutrina Espírita é Allan Kardec.

O que alias já esta sendo feito de forma gradual e continua há muito tempo.

Eu sou Kardec até a raiz.

Mas, se Kardec não representa, a expressão da verdade para você caro leitor, é um direito que lhes assiste, entretanto, não é justo que se considerem espíritas obras que propagam o detrimento dos conceitos do codificador e que sejam eles os detentores da verdadeira doutrina dos Espíritos.

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.

O resto é pura invencionice.

O que se pretende quando buscamos defender Kardec não é proibir ou decretar o que é certo ou errado e sim o que é Doutrina Espírita e o que é espiritualismo.

Não é porque a Doutrina dos Espíritos propaga a liberdade de pensamento, que devemos interpretar que ela deva obrigatoriamente misturar-se com os sectários do maravilhoso e do exotismo.

E como afirmou Kardec:

“Desde o instante em que cada um é livre de aderir ou não a essa obra, ninguém se pode queixar de sofrer uma pressão arbitrária.

“Criamos a palavra ESPIRITISMO, para atender ás necessidades da causa: temos, pois, o direito de lhe determinar as aplicações e de definir as qualidades e as crenças do verdadeiro espírita”