FELICIDADE E TRISTEZA
Sempre quis voltar a um tempo da minha vida para recordar lugares, momentos e situações em que poderia rememorar por ter sido feliz. Descobri que a memória não me levou a lugar algum.
Essa mesma memória, sendo seletiva, é ao mesmo tempo traiçoeira. Não se pode voltar a um tempo de felicidade. Não se resgata algo que apenas fora criado pela imaginação fértil do ser humano. Felicidade é um estado de querer e sentir bem e, também de anseio da alma. Aumenta-se seu tamanho e dimensão para acobertar outros momentos de tristezas e decepções. A angústia, em lógica, fica então oculta em algum recanto do coração ou do espírito.
As emoções, alegrias, angústias, decepções e tristezas que na reminiscência são divididas e separadas, ora se refletem nos holofotes da visão com vibrações e sensações incontestes, ora se maldiz nas lembranças mal resolvidas. Pode se dizer que a tristeza é uma recordação e uma emoção que não conseguiu ser solucionada. É um não saber refletir e conviver com elas saltitando nos labirintos dos ressentimentos, qual um redemoinho em desordem dos ideais e esperanças, das fantasias e dos sonhos.
Aprende-se que a felicidade e a tristeza andam em oposição, em caminhos paralelos. Hoje, entretanto, sabe-se que as recordações fazem ter a certeza de que elas andam de mãos dadas. Não há como dissociar uma da outra. A procura permanente do bem estar vem a reboque do fracasso, que impede a concretização da imaginação, dos desejos e das fantasias.
Horrível é ser e estar sem lucidez, não importando com a existência. Estar indiferente é o infortúnio do ser humano. Deve-se fugir do extremismo para a estabilidade e igualdade do amor. A felicidade precisa da tristeza para se realizar. Ela é o preço cobrado da vida pelos erros cometidos. Sendo assim, pode-se entender como benção e não como castigo. Ela é também o desafio para querer uma mudança de rumo e é ponto de partida de um novo caminho, na esperança da realização de um novo sentir bem.
Não se pode fazer da recusa e da indiferença à rejeição para chegar ao sentir bem. É um processo evolutivo, que via de consequência, é procurar cuidar da saúde mental e corporal antes de querer começar a desejar sentir essa felicidade.
Nossa síntese humana é sempre procurar a realização interior com intensidade de querer um viver bem.