CONTANDO ESTRELAS …..


       Quando eu era criança tinha um medo terrível de apontar para as estrelas pois, tendo nascido e crescido no seio de uma família supersticiosa, me ensinaram que apontar na direção daqueles pontinhos brilhantes fazia crescer verrugas nos dedos.

       Durante longo tempo acreditei nisso, muito embora nunca tenha deixado de me sentir fascinado, perplexo pela beleza e de ter uma incrível atração pelas estrelas.

       Perdi a conta de quantas vezes , escondido da minha mãe que me obrigava a dormir mais cedo, ficava olhando para o céu simplesmente hipnotizado pelo faiscar daqueles pinguinhos de luz.

       Muitas vezes tentei calcular a distância do lugar que morava até a estrela mais próxima e , embora criança , fazia a ideia de que as estrelas estavam penduradas num enorme varal que só aparecia à noite e que esse varal era muito alto, ficava muito longe do alcance das minhas mãos.

       Me lembro que ainda bem novinho dei de presente para minha   namoradinha de brincadeirinha uma estrela que brilhava com mais intensidade no céu num desses outonos e que acreditava se chamar Estrela Dalva. A menina, cujo nome nem me lembro, ficou tão feliz que me deu uma margarida em retribuição e que guardei no bolso da camisa, mas minha mãe acabou jogando fora sem maiores explicações.

       As estrelas sempre me atraíram e me lembro muito bem de certa vez que estava na roça , numa dessas noites super enluaradas e olhando para o alto vi tantas estrelas, o céu estava tão lindo que não acreditei que pudesses existir tantas delas assim tão juntinhas .

       Uma visão e espetáculo inesquecíveis e fiquei tão impressionado com aquela cena que, inocente com a inocência das crianças comecei a contar cada um daqueles pinguinhos brilhantes e, se bem me lembro cheguei bem perto das cem estrelas , que naquela fase da minha vida era um número fantástico.

       O tempo passou, me transformei num adulto , me casei, tive filhos e netas e jamais deixei de apreciar e me impressionar com um céu estrelado. Há pouco tempo inclusive, cheguei a escrever uma crônica para minha amada neta quando na falta de diamantes dei a ela a estrela que quisesse escolher.

       Hoje não faço a menor ideia de quantas estrelas podemos ver e mesmo quantas existem no firmamento. Bilhões ou trilhões, o número exato não tem a menor importância. E observando bem , se minha visão não estiver brincando comigo, elas realmente podem mudar de cor só para me saudar.

        Fico imaginando como seria maravilhoso se pudesse pilotar uma nave com a firmeza e segurança com que dirijo meu carro e passear pelo universo infinito só para ver estrelas mais de perto.

        Tudo bem, sei que se quiser ver estrelas mais de perto posso recorrer a um potente telescópio mas tenho absoluta certeza de que dificilmente presenciaria espetáculo mais lindo se pudesse ver estrelas passeando pelo firmamento.

         É lógico que esgotaria a bateria da minha câmera de tanto fotografar e certamente, com todo orgulho ao exibir as fotos, distraidamente com o canto dos olhos procuraria contar as estrelas que estivesse vendo.

        Os amantes, poetas, cantores e apaixonados de certa forma cometem uma enorme injustiça com as estrelas pois dificilmente em seus versos e na sua voz falam da beleza delas . A primeira a chamar a atenção é sempre a lua, principalmente quando está no brilho máximo, no seu esplendor da fase cheia.

         Mas, se prestarmos bem a atenção a lua, com seu luar prateado se divide em várias formas aos quatro cantos do planeta enquanto as estrelas, chova ou faça sol, estão sempre ali com o mesmo brilho, com o mesmo faiscar , sempre lembrando o mais lindo dos diamantes.

          Ah sim, o sol também é uma estrela. Sei que é, mas as estrelas a que me refiro são as que se escondem durante o dia e faz bastante tempo tentei contar um a um daqueles pinguinhos multicores que só aparecem na majestade do céu noturno.

         Na minha última viagem de avião pude vê-las um pouco mais próximas. Tudo bem que ofuscadas pelo brilho de um lindo luar mas ainda assim, lindas, belíssimas e tenho certeza que muitas delas mudavam de cor só pelo simples fato de que estava ali, olhando fixamente para todas elas.

        Para não perder o hábito, da janelinha do avião tentei contar uma a uma e claro, logo, perdi a conta. O pior não foi isso, é que estava sem minha inseparável câmera para registrar esse magistral espetáculo que o Criador nos proporciona.....




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(...imagens google...)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 21/04/2010
Reeditado em 01/03/2013
Código do texto: T2210939
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