Benditos abacates
Alô, quem fala? Indagou o locutor da rádio.
Alô... É (fulana) Identificou-se a menina de 08 anos na outra ponta da linha.
___Pode falar minha amiguinha...
___Sabe que é... É que minha mãe sofre dos nervos, então eu to ligando sem ela saber...
___Pois não pode dizer o que você quer? Disse o locutor.
___Eu... Eu queria saber se o senhor não tinha alguma coisa pra dar, eu e meus 04 irmãos não comemos nada e minha mãe não tem nada pra dar pra gente comer...
___Onde você mora? Não está me enganando não é? Perguntou o locutor.
___Não senhor, por Deus do céu, ajude a gente... Só o meu pai trabalha e ganha pouquinho não da pra pagar tudo e comprar comida ainda. Os abacates que meu pai trouxe ainda não estão maduros...
___Você já olhou bem, já apalpou os abacates para ver, pode ser que algum já esteja bom para comer, já pôs na água quente... Disse o locutor.
Neste momento ouve-se um soluço na voz do locutor e a menina continua...
____Não senhor, já olhei os 05 abacates e não tem nenhum bom ainda...
____Vamos iniciar uma campanha aqui e quem quiser ajudar com alimentos, pode ligar para a rádio que iremos buscar e alcançar para esta família...Concluiu o locutor.
(...) Pausa para me recompor aqui...
Este diálogo eu ouvi numa rádio local aqui na minha cidade hoje de manhã, enquanto, às 09 horas da manhã tomava meu café com leite, pão fresco com manteiga, ao mesmo tempo em que fazia uma pequena lista para a compra para o almoço, com churrasco claro, hoje é dia, afinal é feriado.
(...) Pronto podemos começar...
Eu lembro sem constrangimento e nem vergonha que quando meninos, muitas vezes, entre uma refeição e outra, buscávamos alguma fruta no quintal, ou fazíamos farinha de biju com açúcar para repor a energia que as refeições não eram capazes de suprir.
Minha mãe foi uma heroína, quando criou 06 filhos pequenos, sozinha, depois da morte de meu pai, eu tinha 07 anos e tinha ainda um irmão com 04, trabalhou duro e nos deu o básico para viver.
Mas... Meu Deus, que constatação triste: Estas crianças tinham naqueles abacates o básico, nada mais além...
O desespero dessa mãe aliado a vergonha de pedir, levou-a a ficar calada dentro de casa, num martírio severo e humanamente inaceitável, graças a Deus um anjo gritou por socorro.
Irresponsabilidade dos pais? Não, a pobreza fustiga a alma, cansa fisicamente e arrasa psicologicamente a fraca mente de humildes pessoas, que muitas vezes nunca souberam o que fosse um dia sequer de fartura dentro do miserável que sempre as cercou.
Por isso acredito que muitas vezes ainda que não por orgulho, mas por simples revolta com a vida, muitos não aceitam as benesses dos governos, que nada dão além de alimentos, esquecendo que precisam também de instrução, politização e trabalho, para dignificarem-se como seres humanos e cidadãos
O Brasil está pontilhado de pequenas feridas, em que a essência é crianças inocentes, pais depressivos, desobrigados da vontade de viver, embora a visão dos filhos pequenos famintos.
Cultivemos o amor pelo próximo, pelas crianças, pelos velhinhos que cruzarem nossos caminhos, com um pedido nos olhos, Deus sempre nos dará forças pra estender um pedaço de pão ou um simples carinho a quem necessitar.
Malgaxe
Alô, quem fala? Indagou o locutor da rádio.
Alô... É (fulana) Identificou-se a menina de 08 anos na outra ponta da linha.
___Pode falar minha amiguinha...
___Sabe que é... É que minha mãe sofre dos nervos, então eu to ligando sem ela saber...
___Pois não pode dizer o que você quer? Disse o locutor.
___Eu... Eu queria saber se o senhor não tinha alguma coisa pra dar, eu e meus 04 irmãos não comemos nada e minha mãe não tem nada pra dar pra gente comer...
___Onde você mora? Não está me enganando não é? Perguntou o locutor.
___Não senhor, por Deus do céu, ajude a gente... Só o meu pai trabalha e ganha pouquinho não da pra pagar tudo e comprar comida ainda. Os abacates que meu pai trouxe ainda não estão maduros...
___Você já olhou bem, já apalpou os abacates para ver, pode ser que algum já esteja bom para comer, já pôs na água quente... Disse o locutor.
Neste momento ouve-se um soluço na voz do locutor e a menina continua...
____Não senhor, já olhei os 05 abacates e não tem nenhum bom ainda...
____Vamos iniciar uma campanha aqui e quem quiser ajudar com alimentos, pode ligar para a rádio que iremos buscar e alcançar para esta família...Concluiu o locutor.
(...) Pausa para me recompor aqui...
Este diálogo eu ouvi numa rádio local aqui na minha cidade hoje de manhã, enquanto, às 09 horas da manhã tomava meu café com leite, pão fresco com manteiga, ao mesmo tempo em que fazia uma pequena lista para a compra para o almoço, com churrasco claro, hoje é dia, afinal é feriado.
(...) Pronto podemos começar...
Eu lembro sem constrangimento e nem vergonha que quando meninos, muitas vezes, entre uma refeição e outra, buscávamos alguma fruta no quintal, ou fazíamos farinha de biju com açúcar para repor a energia que as refeições não eram capazes de suprir.
Minha mãe foi uma heroína, quando criou 06 filhos pequenos, sozinha, depois da morte de meu pai, eu tinha 07 anos e tinha ainda um irmão com 04, trabalhou duro e nos deu o básico para viver.
Mas... Meu Deus, que constatação triste: Estas crianças tinham naqueles abacates o básico, nada mais além...
O desespero dessa mãe aliado a vergonha de pedir, levou-a a ficar calada dentro de casa, num martírio severo e humanamente inaceitável, graças a Deus um anjo gritou por socorro.
Irresponsabilidade dos pais? Não, a pobreza fustiga a alma, cansa fisicamente e arrasa psicologicamente a fraca mente de humildes pessoas, que muitas vezes nunca souberam o que fosse um dia sequer de fartura dentro do miserável que sempre as cercou.
Por isso acredito que muitas vezes ainda que não por orgulho, mas por simples revolta com a vida, muitos não aceitam as benesses dos governos, que nada dão além de alimentos, esquecendo que precisam também de instrução, politização e trabalho, para dignificarem-se como seres humanos e cidadãos
O Brasil está pontilhado de pequenas feridas, em que a essência é crianças inocentes, pais depressivos, desobrigados da vontade de viver, embora a visão dos filhos pequenos famintos.
Cultivemos o amor pelo próximo, pelas crianças, pelos velhinhos que cruzarem nossos caminhos, com um pedido nos olhos, Deus sempre nos dará forças pra estender um pedaço de pão ou um simples carinho a quem necessitar.
Malgaxe