Com Alegria

No começo dos tempos, celebrávamos o Divino com mais alegria.

Festas que duravam dias, rituais de cantos, danças e as mais diversas celebrações ocorriam para lembrar o homem que a conexão com Deus era a ligação com a própria vida.

Por meio do riso, e da graça, celebrávamos a nossa jornada nessa terra encantada, e por muito tempo, fizemos isso, até que começamos a pensar demais sobre os nossos ritos, a dar explicações mentais, para sentimentos que só faziam sentido para o coração, e no terreno da alma.

Então, vieram as explicações, e surgiram os doutores da opinião, dizendo ao povo, como deveria ser essa conexão e como deveríamos fazer a nossa celebração.

Foi no momento em que precisamos explicar a nossa ligação com a vida e com o Divino, que nos afastamos dessa conexão, e perdidos, sem conseguir sentir mais esse elo natural, os doutores disseram: não se preocupem, façam isso! E se fizerem assim, vocês se religarão com o Divino, foi nesse momento que surgiu a religião.

E a celebração a vida, passou a ser algo ditado por poucos para muitos. A alegria cedeu ao sofrimento, o riso foi considerado profano, o vinho que mostrava a alma foi proibido, e nos foi dito, que só chegaríamos ao Divino se aceitássemos um só caminho.

Um só caminho para todos era o sonho dos manipuladores, e ainda é o desejo de todos aqueles que se acham possuidores da verdade; e declaram, que a forma que um grupo ou outro segue em sua celebração religiosa, é equivocada, errada e não corresponde a forma exata que se deve seguir, celebrar.

Muda-se o tempo, mas os opositores continuam sendo os mesmos. Porém, continua a vontade do povo de aliar a sua religião com a celebração da vida, afinal, não dá para separar as coisas do Divino com as coisas da alegria.