Eyjafjallajokull, Mamãe e Eu
Eyjafjallajokull, Mamãe e Eu
A Dona Graça, minha mãe, não sabe onde fica a Islândia, mas tem feito um esforço tremendo para entender porque razão a fumaça de um vulcãozinho daquela ilha dos quintos gelos afetou a sua vida. Prestes a viajar para Londres, para visitar o meu irmão que mora por lá, ela se tornou mais uma vitíma da natureza "medonha" desse vulcão que resolveu explodir justamente na data da viagem dela.
- Não poderia ser um pouco depois? - ela reclama. Pede aos deuses que assoprem aquela nuvem para longe da Inglaterra. Roga a Iansã que chova e esfrie aquela lava que cospe fogo. Iansã ouve, relampeja dentro da nuvem de fumaça e brasa, mas depois, volta em vento e conta a mamãe que ela precisa ter paciência, diz que Agni, o Deus Hindú do fogo, anda meio nervoso com as companias aéreas que querem voar, mesmo sob o preço de arriscar a vida de milhares de passageiros. Minha mãe não sabe quem é Agni, mas Iansã explica que o hindú é parente de Xangô, e ela, enfim, compreende que precisa esperar o tempo certo para ver o meu irmão por lá; afinal, não dá para brincar com Xangô.
Fico aqui pensando com as minhas crônicas: E eu com isso? Nada posso fazer, a não ser tentar dizer Eyjafjallajokull...putz, nem isso consigo. Vou fazer coro a minha mãe e seguir o conselho de Iansã, esperar para ver o Seu Agni se acalmar para poder ajudá-la a voar para o lado de lá.