BRILHANTE!
Eu estava notando meus braços bastante brilhantes, com um pozinho parecendo estrelas. Então pensei: Meu Deus, a sorte está me perseguindo! Estou me tornando do nada uma pessoa brilhante. Vim do pó e o meu resolveu brilhar na minha pessoa, em pele. Pode ser a glória. Mas, de quê? Essas coisas a gente costuma não perceber. É a tal da felicidade que pode estar batendo à porta e passar despercebida. Isso foi por dois dias seguidos.
Eu, como gosto muito de cozinhar, fico sentado ao computador e vou e volto sempre à cozinha, preparo alguma coisa e enquanto cozinha ou assa ou frita, venho, escrevo, leio, navego. Invento fomes, invento pratos ora degustáveis, ora insossos e intragáveis. Nesse meio tempo, a escrita costuma sair meio esquisita também. Escrevi até um versinho certa vez de tão cansado de insucessos literário-gastronômicos. É assim:
POEMINHA TOSTADO
Cozinhando e pensando
Vou lembrando de escrever
Deixo a panela. Lavo as mãos
Sento. Esqueço
A comida vai queimando
E vou perdendo a batalha
Do fogão e da palavra.
Fui alertado pela minha mulher que ouviu minha exclamação de feliz agraciado com o brilhantismo. “Não, isso é o bordado do pano de prato que eu coloquei para você na cozinha. Ele é enfeitado de purpurina.” Então, meus caros e estimados leitores, se esta crônica não lhes descer bem, pelo menos lhes digo que a comida de hoje ficou brilhante!