RELATIVIDADE, CERVEJA E PATACOADAS

Sabe quando o Isaac estava sentado embaixo da árvore? Pois então, ele permanecia lá, tranquilão, e de repente, pimba!, toma-lhe uma ‘maçãzada’ na cabeça. Assim, sem mais, nem menos. Ele podia ter xingado a árvore; chamado os deuses de filhos-dum-que-ronca-e-fuça; mastigado a fruta até o talo e nunca ter se preocupado com gravidade e o escambau. Mas, não!, ele tinha de mexer com trem que tava quieto. Digam-me, precisava? Agora, por causa do xarope do Isaac, temos que nos preocupar com a meleca da física se intrometendo nas provas vestibulares e em outros momentos pormenores – tipo viagens espaciais – que ora vai, ora vem, explodem espaçonaves e derrubam satélites (queria ver se fosse um desses ao invés da maçã) em nossas cacholas.

Não bastasse o Isaac, veio o Charles e começou com esse papo de evolução. Caramba, não era suficiente o cara lecionar biologia no sossego de uma típica escola londrina qualquer ou se afogar em chá das cinco? Não, claro que não, o danado tinha de ir lá, atormentar a vida dos sossegados bichinhos de Galápagos. Rapaziada, vou te contar, eu acho uma falta de respeito. Sério, pensem bem, se os animaizinhos foram morar na Ilha de Galápagos, lá onde o Judas perdeu as botas, foi porque queriam sossego. É como o fulano que se aposenta e vai viver em Matinhos, pescando e comendo robalo assado – entendam, ele realmente não quer ser incomodado, pombas! (Não, não tinha pombas em Galápagos... elas são mais cosmopolitas). Pior!, aposto que era uma fauna composta por velhinhos que queriam distância da civilização porque passaram anos a fio criando filhos e pagando impostos. Pra que, então, me digam, o Charles vai lá alvoroçar a vida alheia, bisbilhotar, catalogar, catar (à força, é bom que se diga) espécies só para provar a todos que a sua teoria é que estava certa? Caboclo metido, sô.

E acha que pára nesses dois? Pois há um bando de sujeitos, tais e quais, que parecem que têm formiga na bunda e que não quietam o facho até criar um furdunço. Outro pentelho foi o Albert. Mas esse, de tanto inventar (e se confundir, creio), chegou a tal ponto de desordem que resolveu criar um nome, digamos, mais abrangente para (tentar) facilitar a captação de sua tese. Chamou-a, portanto, de “Teoria da Relatividade”. Mas que cara-de-pau! Orra, meu, se não sabe direito do que está falando então não se meta! “Relatividade”? Mas era só o que me faltava. Parece até papo do Kiko (enfim um gênio), da Turma do Chaves, que queria ganhar de presente uma bola quadrada. Isso, sim, é relatividade.

O pior é que, não bastasse os pioneiros de meia-pataca, têm aqueles que pretendem mudar o que foi posto em voga pelos Newtos, Charles e Alberts de outrora só por farra e sem solucionar questões que, de verdade, importem. Quer ver só? Dia desses fiquei sabendo que os prótons, elétrons e nêutrons não são mais as menores partículas da matéria. Mas que raios, não é mesmo!? Pois descobriram uma bagaça chamada quark (parece coisa do gibi do Tio Patinhas, né?). Contudo, porém, todavia, mal me acostumei com a idéia e já fiquei sabendo que a notícia está velha.

Apareceram uns outros metidos dizendo por aí que a porra do quark – não que ele tenha gametas masculinos, se é que vocês me entendem... – já perdeu o posto (caramba, até a Marina Silva é capaz de ficar mais tempo em primeiro nas pesquisas). Agora estão alardeando uma tal partícula teórica intitulada “Bóson de Higgs”. Não é o fim da picada? “Partícula teórica”?! A birosca nunca foi encontrada e os caras já dizem que ela existe. Assim dá até pra acreditar em Curupira. Só falta me dizerem que o Bóson está embaixo do “X” no mapa do tesouro. Bom, o fato é que, não confiantes nessa história de mapa, inventaram um treco chamado acelerador de partículas (que fica enterrado lá na Suíça), com cerca de 27 quilômetros de diâmetro, que, juram, servirá para encontrar a dita partícula que só existe na teoria... Me tira o tubooo!

Mas nem tudo está perdido. Deixando esse bando de professores pardais de lado, comemorem, magnânimos leitores, pois há esperança. Descobri esta semana que existem homens realmente sapientes, que buscam informações importantes capazes de nos trazer respostas fundamentais e que ajudarão a definir os motivos de estarmos neste mundinho. Não estou falando dessas frivolidades teórico-científicas que apenas nos atrasam a vida. Falo agora de coisa séria. Patrick McGovern, um arqueólogo biomolecular (seja lá o que isso queira dizer), é especialista em encontrar resquícios líquidos nos submundos do passado. Segundo a Folha Online, ele recolheu “às margens do rio Amarelo, em um sítio arqueológico denominado Jiahu (cuja idade é datada em por volta de 9.000 anos), uma amostra de uma bebida alcoólica quente, composta a partir de arroz, fruta de espinheiro, uvas e mel”.

O que isso importa? Oras!, isso comprova, como afirma a Folha, que “os humanos são bebedores por nascimento, mais Homo imbibens do que Homo sapiens. McGovern ainda argumenta na matéria que “os primeiros fazendeiros cultivaram cereais para fermentação, em vez de alimentos”. Ou seja, não é a cerveja que é o pão líquido, mas, sim, o pão que é a cerveja sólida, hehe. “Mais do que a raiz de todo mal, o álcool é a raiz de tudo o que nos torna humanos: arte, música, religião e outros aspectos da nossa cultura - tudo tem seu início no período de farras alcoólicas, o Paleolítico”, finaliza McGovern.

Isso, sim, é que é teoria de importância, meu amigo!

Portanto, resumindo (pois já estou tonto com essa patacoada toda), não viemos a este mundo para entender o tombo da maçã; nem para compreender a evolução do ornitorrinco; muito menos para lucubrar relativas viagens no tempo; ou, quiçá, para render homenagens ao proclamado alimento primordial conhecido singelamente como pão. Mas, sim, para encher a cara... hahaha. Tim-tim, galera!