O Morro do Bumba

“O covarde coloca-se automaticamente sempre ao lado do mais forte”

Há pouco tempo atrás através da mídia, tínhamos conhecimento de que na cidade do Rio de Janeiro, residiam ricos, mais ou menos ricos, classe média, artistas, jogadores de futebol, funcionários da Globo, aliás, a impressão é de que sem a Rede Globo o Rio não existiria, sambistas, policiais e traficantes.

Pobre? Não, pobre não existia até que um dilúvio os mostrasse, estavam todos no lixo do Morro do Bumba e em outros lixões, longe dos olhos e dos narizes da mídia e dos demais habitantes.

Tragédias são sempre tristes, lamentáveis, mesmo quando sabemos que ocorrem por culpa da incompetência e do maior de todos os males: a corrupção.

A corrupção matou, desta vez, mais de duzentas pessoas seres humanos como eu, como você, como todos nós, pais, mães, filhos, filhas, netos, netas, tios, tias, avós, famílias inteiras.

Alguns eram pedreiros, faxineiros, lixeiros, mecânicos, empregadas domésticas, nenhum doutor, corrupto então nem pensar sequer presos ou citados serão, jamais.

Rapidamente a mídia já os trocou pela copa do mundo, pela olimpíada, pela final do campeonato, pela novela ou pela briga do jogador com a namorada.

Se não forem usados como munição por algum político, logo serão esquecidos, voltarão ao lugar onde sempre estiveram no Morro do Bumba, no lixo.

Outro dia um trem descarrilou, a mídia chegou. Ninguém morreu, noticia desinteressante. Os passageiros tentaram usar para denunciar o pouco caso, a falta de respeito com que são tratados, não perceberam que para a mídia, são mudos, não tem voz.

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 19/04/2010
Reeditado em 23/06/2010
Código do texto: T2206098
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