Apartes
Como é menos complicado escrever do que falar...
Quando escrevemos temos muito mais possibilidades de dar um início, meio e fim ao tema, sem que haja qualquer interrupção ao nosso raciocínio – desde que não esqueçamos de “salvar” o texto. O mesmo já não acontece quando, digamos, o mesmo assunto seja relatado oralmente. Mesmo que haja somente um interlocutor, as comparações com fatos ocorridos com o próprio são inevitáveis.
Quando o narrador inicia seu histórico¸seja ele qual for, o outro já está preparando o “seu” também. Aí surge o aparte e, muitas vezes, desvia todo o assunto para outro ponto, fazendo
perder a base do que deveria ser exposto. Mudando o rumo, ficamos dependendo do confidente para concluirmos nosso tema ou derivá-lo por havermos perdido o famoso “fio da meada”.
Diga-se, no entanto, que isso acontece frequentemente com o pessoal mais maduro, quando a memória remota suplanta a “tênue lembrança imediata”. Conosco, hoje, é assim: conta tudo rapidinho, sem interromper, senão... imediatamente estará esquecido o assunto e nem sempre conseguimos recuperá-lo.
No entanto, ao escrevermos poucas coisas nos desviam e as idéias fluem mais. Como estamos numa era arrojada, a informática nos permite vôos mais amplos e nossa memória fica resguardada, dando-nos possibilidades de rever o que “dissemos” para que possamos nos policiar melhor e não fazermos muitas bobagens.
E, melhor ainda: sem apartes!