MINHA PRACINHA …..

        Lá é um lugar mágico ! Não sei se todos que passam por ali, sentem a mesma coisa mas prá mim, sem nenhuma dúvida, é um lugar mágico.

         É lá que marco encontro com a paz, é dali que percebo as nuvens formando lindos desenhos, é onde acompanho as trilhas das formigas, fico encantado com o bailar e o namoro das borboletas e invejo a dedicação e disciplina das amigas abelhas num trabalho incessante de uma enorme colmeia.

       Naqueles velhos bancos, tão meus conhecidos, recosto meu corpo muitas vezes cansado e observo ao redor, prestando bem a atenção no que anjinhos invisíveis sempre me mostram de tão belo.

        Naquele pracinha, que tantas e tantas vezes já chamei de minha, escuto o som do silêncio, o barulho do vento sacudindo as folhas de lindas árvores e bem próximo de onde costumo sentar tem um canteiro de linda flores onde posso sentir uma suave brisa que toca meu rosto sem nenhuma cerimônia.

       Nos   bancos   daquela  pracinha   muitos dos meus segredos foram revelados. Não que eu tenha tantos segredos assim mas ali, naquela paz, naquele ambiente de luz e magia, converso comigo mesmo , tantas e tantas vezes em voz alta e tendo só o perfume das flores e o cheiro de grama úmida falo o que sinto , o que me falta e até penso em coisas do amor. Ali sinto a presença da minha amada musa.

        Lá naquele velho banco já derramei algumas lágrimas , mas foram tão curtas e tão rápidas que até hoje tenho a impressão de que não foram lágrimas provocadas pelos espinhos e algumas feridas que tenho no peito, mas sim por algum cisco teimoso que só queria na verdade me irritar.

        Naqueles bancos eu esqueço de mim e penso na vida, nas pessoas que me cercam e nas que me deixaram. Muitas vezes sinto a presença dos que me fazem falta e outras tantas vezes repito em voz alta que não quero morrer de saudade ou tristeza, mas sim viver de amor.

        Na pracinha que tão bem me recebe já falei dele, sim do amor, já sofri de amor e já escrevi sobre o amor.

         Numa tela imaginária já desenhei dois corações e neles, gravei a ferro e fogo duas iniciais e que juntas, numa pintura adornada com flores e um belo laço cor de rosa formaram um belo e inseparável par.

         Na  minha pracinha, sim na minha pracinha, pois de tanto que lá vou me considero dono de pelo menos um pedacinho daquele paraíso, do belo oásis perdido numa triste selva de pedra , daquele canto que me acolhe de braços abertos e me acaricia como se seus bancos fossem um grande colo materno.

         Fico imaginando, como agora por exemplo, onde iria se não tivesse aquele cantinho, entre minhas flores e tendo por companhia borboletas bailarinas.  Onde poderia estar nos momentos de angústia e aflição ? 

          Eu sei que o Criador nunca me abandona e até tenho certeza de que Ele, em sua  imensa generosidade, foi quem me apresentou e me conduziu até aquele lugar. Só pode ter sido ideia Dele.

          Naquela pracinha, onde geralmente o canto dos pássaros me faz companhia tenho o atrevimento de me sentir poeta e num caderno também imaginário e intuído pelos verdadeiros poetas, naquela hora invisíveis, transcrevo para folhas imaculadas os mais lindos versos, as mais lindas prosas mas que, por só habitarem minha imaginação se perdem na agitação do dia a dia, no calor das cobranças naturais e dos obstáculos indispensáveis em qualquer caminhada.

          O bom daquela pracinha é que em qualquer hora que ali me apresente ela me recebe bem e logo me inunda com sua paz tão gostosa. Dificilmente converso com outras pessoas, embora também dificilmente aquele oásis fique deserto.

           Já vi muitos que por ali passaram e nem perceberam a grandeza e majestade das árvores e a simplicidade dos desenhos das flores. Eu sei que o mundo de hoje não dá muito tempo para observar o que a vida oferece de mais belo mas, mesmo tendo visto a cena incontáveis vezes, ainda me surpreendo com o absoluto pouco caso e em algumas situações o enorme desprezo de muitos que por ali passam muito rapidamente.

           É , coisas da minha pracinha. E eu digo minha porque sou velho frequentador e me sinto no direito de ser dono de pelo menos um pedacinho dela.

          Minha pracinha, meu oásis de paz.....



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(.....imagem google.....)