Qualificação societária

Vai aqui um tema que defendi em meu livro 'Os Sócios e a Sociedade', para instigar o leitor a pensar e autoanalisar os seus conceitos e ações no seu dia a dia, talvez por aí vindo a encontrar respostas com relação ao andamento do próprio destino e de seus familiares, buscando assim mudá-lo para estágios melhores de vivência. É sabido que nossas atitudes e palavras têm peso nos relacionamentos com os semelhantes, sejam parentes, amigos, vizinhos ou estranhos, portanto devemos manter sempre cuidados especiais quanto a nossas escolhas de convivência societária, sem qualquer preconceito. Podemos qualificar os indivíduos conforme seus modos de proceder, sem que caiamos no erro de fazermos julgamentos indevidos quanto a índoles, crenças, capacitações etc., principalmente porque nenhum ser humano tem procuração do Criador para conhecer o íntimo dos outros. Essa qualificação se refere às formas de inter-relacionamentos entre as pessoas, de acordo com seus níveis de atitudes, ou seja, em conformidade com as escolhas de cada um, demonstradas em seus meios societários.

Vamos começar pelo grupo dos iluminados que, geralmente, são os possuidores de uma individualidade mais refinada, por já terem sido vencedores nas ultrapassagens por muitas experiências dolorosas e de alto risco, sem esmorecerem e sem lamentações ou revolta, seja contra Deus ou contra a sociedade. Geralmente, essa iluminação é alcançada por intermédio do espírito de busca, em resposta dos porquês das adversidades, das injustiças, dos desvios de conduta, da inversão de valores, e por aí vai; com isso a pessoa ganha sabedoria para proceder de acordo com o estado natural das coisas, integrando-se com a Verdade, em todas as suas nuanças e recantos, por onde nada pode dar errado. São indivíduos que estão sempre preocupados com o bem-estar do próximo e que procuram transmitir algo de útil àqueles que se encontram em dificuldades, tanto financeiras, como sentimentais ou de doenças; eles se sentem bem quando na presença de outros que gostam de trocar ideias em alto nível de conhecimentos, usando o tempo para troca de experiências, de explanações e de aprendizado do que seja útil e produtivo para o crescimento espiritual e para o cumprimento da nossa missão de vida, seja familiar, profissional ou societário, mesmo após aposentados, permanecendo sempre úteis enquanto vivos.

Na sequência, vamos falar do indivíduo mundano, ou seja, de aquele que tem como objetivo de vida o sucesso no trabalho e o destaque na vida social, usando o seu tempo só no crescimento profissional, preocupando-se sempre em melhorar o status e a posse de bens materiais, mesmo com “alguns jeitinhos”, objetivando deixar uma herança válida para seus descendentes. São pessoas que apenas se preocupam com os seus familiares e, talvez, com alguns amigos diretos, embora procurem não prejudicar outrem, a não ser que seja com o intuito de vingança ou de demonstração de força e poder. Estes caras sempre procuram alguém que esteja disponível a ouvi-los contar suas realizações e bazófias ou que queira entrar em discussões vazias, envolvendo futebol profissional, politicagem, “golpes espertos” e demais futilidades, muitas vezes à beira de uma churrasqueira e muita cerveja. Quando se aposentam, perdem os horizontes e partem para a pescaria ou para o “baralhinho” diário, onde a perspectiva de futuro só está no fim da vida, de forma inútil e espiritualmente inglória, mesmo que milionária.

Finalmente chegamos aos medíocres, que são os especialistas em corrupção e “mutretagem”, sempre atrás de poder e fama, mesmo à custa da desgraça alheia; eles estão sempre dispostos a denegrir a imagem dos outros, para auferirem vantagens e se eximirem de responsabilidades por atos ilícitos de sua autoria, até sob provas cabais. Muitos homens públicos estão nesse rol, mentindo, roubando e praticando demagogia barata em grande escala. Outros medíocres contumazes são os mafiosos, traficantes, contrabandistas e demais “elites” do crime organizado.

O que me entristece é que a esmagadora maioria da humanidade se enquadra nas duas últimas qualificações, o que comprova as razões do Mundo estar agonizando!

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 17/04/2010
Reeditado em 06/01/2012
Código do texto: T2202964