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Histórias da TV

 
 
 
    Morávamos no Rio de Janeiro, bairro da Glória, nos idos de 1970.
Minha infância era regada por passeios à praia do Flamengo, Largo do Machado, monumento aos mortos da segunda guerra, baía de Guanabara e aeroporto Santos Dumont, para ver os artistas da época: Elis Regina, Toni Tornado e outros de que não me lembro mais. Não havia ainda ponte Rio-Niterói e o metrô estava começando a ser construído. Na televisão, reinava absoluta a TV Tupi. Assistíamos com prazer o já falecido Capitão Asa, os ingênuos filmes de monstros japoneses, desenhos como a Corrida Maluca e filmes de marionetes como os Thunderbirds. O Brasil era tricampeão e as novelas como Irmãos Coragem (ainda me lembro da música de abertura e de quantas vezes morreu Claúdio Cavalcante) e Mulheres de Areia (com Eva Vilma e Carlos Zara) dominavam o horário das oito (que realmente obedecia ao relógio).
 
   Por volta de 1973-74, acabamos por nos mudar para Belo Horizonte, bairro Sion, e adquirir novos hábitos, mas conservando alguns: entre eles o de continuar assistindo a filial da Tupi, antiga TV Itacolomi e seu indiozinho na abertura. O Ibope batia sempre à nossa porta (velhos tempos...), para saber o que estávamos acompanhando na TV; meus novos amigos estranhavam, pois não tínhamos o costume de ligar a televisão no canal de uma certa rede Globo de Televisão, que ensaiava os primeiros passos, mas já liderava a audiência entre os mineiros. Por tantas vezes os rapazes do mesmo Ibope insistiram, até que um dia chegou pelo correio um grande pacote, dentro do qual havia três LP’s (Long-plays) de vinil, contendo as trilhas sonoras das novelas Escalada, Carinhoso e Cavalo de Aço, que passavam na Globo à época, além de um cartão assinado por um diretor de marketing da Rede Globo Minas, no qual estava escrito: “Obrigado pela audiência!"

   Acabamos então por nos render e passamos a sintonizar o canal 12, correspondente à Globo.

  Nos 40 anos da mesma Globo, houve uma campanha veiculada pela própria Rede, na qual ela convidava as pessoas da também quarta década de vida a enviar histórias relativas à influência que ela (Rede Globo) havia causado a estas mesmas pessoas. Não me lembro bem o título da campanha: acho que era mais ou menos algo como “fazer parte da sua vida...”

   Infelizmente não tenho mais comigo o cartão que recebemos e não me lembro mais o nome do então diretor. Mas tenho comigo que ele deveria ser homenageado, por se preocupar com uma tão insignificante família, dentro de um universo tão vasto. Com certeza deve ter sido um profissional de sucesso, por dar atenção a tão pequenos detalhes.

   É isto: o segredo é valorizar as pequenas coisas do dia-a-dia, ao invés de ficar apenas sonhando com coisas impossíveis!

  
Max Rocha
Enviado por Max Rocha em 16/04/2010
Código do texto: T2200731
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