HOMENS AFOBADOS, NATUREZA REVEL

Basta olhar na cara das pessoas que peregrinam pelas ruas e praças das grandes cidades: todas elas demonstram afobação e inquietude, no rosto, nos olhos e, até, lá fundo, no patamar da alma.

Se o homem anda revel e briguento, nos dias atuais, e a Humanidade também animalescamente violenta, então a Natureza, igualmente, não está ficando atrás. Tem havido uma sucessão de eventos tragicamente notáveis, nestes últimos tempos.

Por mais que alguém tenha habituado para ser pétreo o seu coração, a pessoa não vai ficar imune às dores advindas dos dramas sociais, lá dos sinistros naturais ocorridos. Aqui não irei centrar-me neste ou naquele fato, em particular. Mas porei na mesma balança, só para que se aquilatem as devidas proporções, os mesmos atos agressivos naturais e os horrores de procedimentos praticados, dia após dia, por inúmeros trastes humanos.

Vejo, leio e escuto os noticiosos, via rádio, jornais, revistas, tevê e internet. Um dia, um pai estupra a filhinha ainda implume; noutro dia, outro pai é brutalmente assassinado pelo filho menor, ou, então, vice-versa.

Um presidiário, com duzentos processos ainda vigentes, recebe o benefício de progressão de pena; é portador de tara congênita, é pedófilo, e, sem exame de sanidade mental, é posto no olho da rua, onde ele volta a reincidir no mesmo crime hediondo de rapto, estupro e assassinato, por meios torpes e cruéis, de uma linda e inocente menina de cinco anos.

Casos assim, no País, ocorrem com franciscana insistência. As autoridades policiais se queixam da lassidão das leis obsoletas, totalmente ultrapassadas. O Judiciário é mole e nem observa nem lê um parecer fajuto de uma psicóloga e põe mais um ‘serial keeller’ para trucidar mais inocentes crianças e adultos indefesos.

Nos programas televisivos, diuturnamente, em todas as capitais brasileiras, o sangue escorre pelos vídeos que contêm cenas as mais horripilantes. Eu vi e ouvi: um garoto, que usava drogas, executa a avó, querendo-lhe arrancar dinheiro, para alimentar o vicio.

Como não bastem as ações predatórias e irrefletidas da sociedade, o rebuliço da mãe-natureza entra mais ainda em realce. Um tsunami arrasa países da costa oriental da Europa. No Haiti, um terremoto de proporções gigantescas não deixa pedra sobre pedra; mata milhares, fere outro tanto e semeia fome, sede e um mar de doenças.

Outros sísmicos detonam partes do Chile, do México, dos Estados Unidos, da China e da Islândia. No Japão, isto já é crônico. Parece que, em seu interior, a Terra sente dores e estertores de morte. Estaria no ‘delirium tremens’? E, por esta dúvida, antes que sucumba por completo, o Planeta quer pregar aviso de que o homem o está fazendo doer. O homem faz o Planeta doer profundamente, meus amigos.

Em suma, eis o placar dessa ópera de clamores: homens violentos x Natureza violenta. E uma notícia anuncia que, somente este ano, são 220 mil pessoas mortas no mundo em consequência de terremotos. Enquanto aceso o monumental vulcão da Islândia, no Brasil, enchentes, plantações e bichos mortos, raios, alagamentos de residências, desabamentos de morros e encostas, mais gente morta.

Capto este informe aterrador: há dois anos, 70 mil mortes, na China, por conta dos terremotos. Até o Nordeste brasileiro, mar de tranquilidade, em pontos esparsos, ensaia solavancos de sísmicos não muito assumidos. No Sul, até os tornados e ciclones vão-se estrebuchando, de vez em vez.

Ainda não falei das geleiras, que se derretem, nos polos, resultando daí no desastroso aquecimento global. Também não toquei nas ressacas do mar, com ondas monstruosas, nas desertificações e calores descomunais e outras afobações naturais que nos afligem, indiscriminadamente, a todos, gregos e troianos. Ser-nos-á o Apocalipse?

Fort., 16/04/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 16/04/2010
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