Há algumas décadas ressurgiu um movimento que a cada dia se torna maior. Refiro-me à  peregrinação. Hoje é muito comum encontrarmos pessoas, livros e sites que relatam experiências vividas em peregrinações. O dicionário Wikipédia define peregrinação (do latim per agros, isto é, pelos campos) como jornada realizada por um devoto de uma dada religião a um lugar considerado sagrado por essa mesma religião.

Observo que muitos peregrinos não são devotos de uma religião específica e até posso ver alguns professarem determinada religião e peregrinarem a locais santos de outro credo. Escuto depoimentos emocionados sobre vivências transcendentais e transformadoras pelas quais passaram alguns peregrinos e também sobre experiências sexuais e encontros “mágicos”, pintados com as cores do sagrado.

Qual é a diferença entre o turista que viaja para “lugares santos” e o peregrino? Será que a diferença reside no que traz na bagagem, no que ostenta com orgulho, no que consome? Ou a diferença está em algo nada aparente? Algo inconsciente. Está na motivação, na natureza do que busca, do que anseia e deseja?

E o pseudoperegrino? Aquele que usa a roupagem e o discurso do peregrino, mas tem alma e atitude de turista. E se ilude. Caminha, mas não vai a lugar algum.

Ainda não percorri nenhum desses caminhos santos. Já senti atração pelo Caminho de Santiago e pelos caminhos da França, Grécia e Turquia, embora não tenha sido suficientemente forte para que eu os realizasse e não sei se um dia será.

Contudo, sem percorrer nenhum desses caminhos sinto-me peregrina... Caminho em direção a mim mesma. Sou uma peregrina dos caminhos que começam e terminam em mim.  E me levam além do mundo conhecido, concebido e imaginado. Levam-me a descortinar dimensões das mais sagradas às mais profanas. 
 
Norma Suely Facchinetti
Enviado por Norma Suely Facchinetti em 16/04/2010
Código do texto: T2200089
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