Da minha janela, não vejo o Outono. E, parto numa busca ao Outono.
                Perambulo pelas ruas, olhos nos cantos e recantos, apuro meu faro, arregalando as narinas, percorro vielas que me levam a praias de areias alvas, alvas, bordadas de mangues, estúpidamente verdes. Descortino árvores gigantes moradoras da mata do buraquinho, centro de minha cidade, detenho-me na centenária bica, abrigo de majestosas árvores. E, todo esse itinerário á busca do tão falado Outono. Ele não está por aquí. Todas as minhas queridas árvores continuam vestidas em trages de gala, cobertas de folhagens de mil tons de verdes, mas, completamente cobertas. Não sei se por pudor, quem sabe, mas, o fato é que as árvores de João Pessoa não se desnudam.
              Minha procura pelo Outono foi infrutífera...Mas, pensando bem, eu também não tenho outono. Minhas folhas resiste, e, raramente caem. Imagina, eu com Outono. Despindo-me vergonhosamente, deixando meus galhos e ramos á mostra, completamente á vista de todos. Expondo-me ao frio, á chuva... Como seria para mim, que me sinto a própria Primavera?Eu, sem Outono, sem ruas cobertas de folhas secas para caminhar, mas, numa estação de cores e perfumes eternos.
            Da minha mão, já vejo despontando um benedita vermelha.
            Ainda bem que não tenho Outono...