Cãozinho prestimoso.

Quando a praia ainda está deserta, nas primeiras horas da manhã, é comum vermos cachorrinhos perambulando sozinho e pastoreando o mar. Sim. Pastoreando as ondas que querem fugir, e lá vem o cãozinho latindo para que ela volte para o rebanho. Geralmente elas voltam mesmo, mas, a dez metros, outra quer fugir em círculo e ele corre para cercá-la e latindo a faz voltar. Ele fica todo pomposo porque foi obedecido. Quem tem tempo de observar, notará que esses cães são incansáveis. Seu instinto de pastor o faz trabalhar para o nada e para manter no lugar o que deve ser da forma que ele entende.

O ser humano tem seus instintos também. Certa vez, andando, com minha cunhada grávida, por uma estação do Metrô, cruzamos com uma pessoa que esbarrou em algo e se desequilibrou dando passos trôpegos à nossa frente. Minha cunhada, imediatamente, colocou as duas mãos espalmadas na frente da barriga, que ainda não denotava guardar nenhuma criança, mas que ela sabia estar lá. Instinto maravilhoso esse das mães, ainda que muito jovens, têm para preservar o que será a continuação da espécie.

Onde está esse instinto nas mães e pais que matam seus filhos? Será que alguns de nós nascemos com instintos diferentes dos outros? Será que alguns de nós somos mais irracionais e imitamos os cães que cercam as ondas sem motivo lógico? Ou será que não há verdade nos noticiários de TV e é tudo ficção? Ficção ou contos de terror.

Ana Toledo
Enviado por Ana Toledo em 15/04/2010
Código do texto: T2198105