A (falta de) Educação do homem
O que será que acontece com boa parte dos homens dos tempos modernos? Confesso que por mais que tente, eu não consigo encontrar uma resposta. Não consigo entender. Tudo está evoluindo, aperfeiçoando.
Eu adquiri um hábito de ficar observando os casais em bares, restaurantes, supermercado, igreja, cinema, etc.
Nos restaurantes, muito mais de 50% dos homens, acompanhados de suas amigas, esposas, namoradas, etc, etc, chegam e sentam primeiro. Ainda antes, entra no estabelecimento na frente, seguido de longe pela súdita companhia.
Nos bares é a mesma coisa. O moço chega, senta e a dama se vira pra puxar sua cadeira e sentar. Nessa altura ele já estará conferindo o celular.
Depois, ao irem embora, menos de 10% se dão ao cuidado de abrir a porta para sua companhia feminina. Salvo se estiver em fase de conquista. Aí sim, ele é todo gentil. Mas depois...
Se é casado então, - resguardadas as exceções - eles fazem feio dobrado. Muitos sequer se dão ao trabalho de segurar o neném, se o tiverem, para facilitar que ela entre ou saia do carro. Nesses vídeos dito "engraçados", já foi publicado caso de o homem entrar no carro, dar partida e sair, esquecendo a mulher plantada na calçada.
Por favor, eu estou tendo o cuidado de deixar o escape das exceções, faço questão disso, para não ser injusto com boa parcela de homens. E para não ser lixado.
Mas infelizmente, nós homens cumprimos mal o nosso papel. Esquecemos de conquistar as nossas mulheres devidamente. Já dizia o poeta que “O homem para ser homem, macho mesmo, não tem de conquistar uma mulher por dia. Mas precisa saber conquistar a mesma mulher todos os dias”. Essa é uma realidade e uma necessidade que infelizmente grande parte dos homens deixa passar despercebida. É uma grande oportunidade perdida.
E depois alguns ainda reclamam se são traídos. Trata-se de safadeza da mulher? Não! Trata-se de carência mesmo. Trata de necessidade de ser mulher na essência da palavra. Trata da necessidade da mulher de ser amada, admirada, quase idolatrada. É exagero meu? Não.
Nos dias atuais, o que mais se vê nas ruas, bares, restaurantes, igreja, transito e onde quer que se vá, são pessoas bonitas, gentis, amáveis. Homens e mulheres. Embora boa parte delas desejam apenas uma conquista descartável. Mas para quem está a ver navios, não está procurando um casamento, esta é a medida perfeita.
Eu sou um ser perfeito, irretocável? Infelizmente ou felizmente não. Estou em constante aprendizado, sempre na busca de fazer bonito diante da mulher. Mas, sentar primeiro à mesa, isso eu não faço. Esquecer de oferecer flores vez por outra sem nada para comemorar, também não. Dar uma ligadinha no meio do dia, só para dizer um “oi”, é baratinho, leva apenas alguns segundos e faz um efeito!
São os pequenos segredos que tornam uma relação maravilhosa, envolvente, rica, completa. E com sorte, duradoura.
Não que a mulher seja frágil, necessite de cuidados, como se fossem peças de cristal. Não é isso. É o ser cavalheiro, é o agradar, é o conquistar. Isso sim é o que faz o homem ser importante. Para os outros assuntos, como profissional e financeiro, ela é independente, não precisa de homem para socorrê-las. Nos botam no chinelo com facilidade.
A mulher também tem a sua parcela de dever de conquista, de fazer bonito o seu dever de casa. Eu acredito na relação 50%x50%. O homem que sempre conquista e pouco é conquistado acaba por perder o interesse, o pique, o encanto.
Ainda nos dias de hoje, tenho ouvido algum homem dizer: "Com minha mulher não faço isso ou aquilo, ela é de respeito, tenho de tratar bem. Isso é coisa de mulher safada".
Eu digo: Um casal que se completa, que se confia, que se tem a intimidade e a cumplicidade necessárias, são mesmo dois safados juntos. Às vezes dois enamorados, às vezes dois comparsas, às vezes dois tarados. Juntos, sem testemunhas. E sem necessidade de revelar ao mundo o que se passa entre eles.
E toda essa cumplicidade, essa vontade de estar juntos, essa falta de pudor, esse estar juntos de forma inconfessável é que determina a longevidade e a fidelidade de um casal.
Nos tempos modernos a convivência do casal é testada ao extremo, a todo instante. Toda sorte de interferências externas estão provocando as pessoas no dia a dia. Então, penso que a única forma de assegurar alguma longevidade a um casal, é se apoiar, se somar, se completar, se desarmar, é não ter uma caixinha de segredos trancada a sete chaves. Isso não significa abdicar da individualidade, da pessoalidade ou da personalidade. Não é isso. É o entregar livremente e conscientemente, é o confiar. É o não ter medo ou receio de pedir colo se precisar. É a coragem de chorar quando precisar. E isso vale para os dois. Claro que a mulher, pela sua natureza, pela sua sensibilidade faz isso mais facilmente. Mas o homem, na sua fortaleza, precisa urgentemente se desarmar e igualar-se à sua mulher. Em todos os sentidos. Ou quase.
Isso tudo, se o homem souber ou o desejar, consegue facilmente de sua mulher. Não importa qual seja a sua ligação afetiva. Se informal ou oficial. Mas fundamentalmente, cabe ao homem oferecer confiança, apoio, presença, cavalheirismo. Se conseguir isso, tenha certeza: terá ao seu lado, uma guerreia invencível, pronta a enfrentar o que for preciso. Juntos. E fiel.
E fundamental que seja um comportamento espontâneo, sem representação, sem teatro, sem formato pré estabelecido. Não se precisar fazer malabarismos para se conseguir isso. Basta ser franco, verdadeiro, simples e autêntico. Resumindo, basta ser gente grande.
É uma tarefa fácil? Não. Barata? Também não. Mas é o preço. Quem se atrever a ter um relacionamento precisa ter em mente que isso tem seus altos custos. Não só financeiros. O dia a dia atual, a pressa, o estresse e o rigor da profissão consomem grande parte da energia das pessoas. Mas sempre se tem que guardar uma reserva para a companhia. Sempre! E isso vale para os dois. Necessariamente.
O dia foi estressante? O chefe tava de “TPM”, o trânsito tava infernal? A outra pessoa não tem culpa, não estava lá. Pode ser difícil dedicar? Pode. Mas é necessário. A conquista é diária. Esse é o preço. Quem não se dispor a pagar, melhor ficar sozinho. Quem se dispor a pagar livremente, não por obrigação ou por força de contrato ou convenção, mas por opção, verá que será uma conta prazerosa, onde mais se recebe que se paga. E fortalece a relação mantendo nos desejáveis 50X50.
E que fique claro que não sou doutor no assunto, nem conselheiro, nem catedrático ou algo parecido. O que coloco são meus pontos de vista pessoal, que vejo como razoáveis e possíveis de se por em prática.
É o que penso e tento seguir. Muitas vezes falho. Mas muitas vezes acerto.