Zé de Marley em: Absurdos Cotidianos. Monólogo para o dia do Hino Nacional do Beijo, ops, Brasileiro.
Zé de Marley em: Absurdos Cotidianos.
Monólogo para o dia do Hino Nacional do Beijo, ops, Brasileiro.
Quase sexagenário, Zé de Marley, transmite suas observações cotidianas sem pretensões ou ideais: apenas quer falar. Relata o que considera estranho ou absurdo, entre um trago e outro, como convidado de um grupamento militar de combate em forma, perante “a Cúpula da Espada de Caxias”, no Planalto Central. Segue o relato:
- Considero estranho o convite, mas aqui estou. Hoje, para o mundo moderno e Brasil, é um dia a se comemorar dentro de vagões de trens, nas ruas, escolas, por toda parte. E já avisei ao comandante e faço o mesmo a vocês: não serei testemunha de qualquer homenagem militar ao dia internacional do beijo. Não descansem enquanto eu estiver aqui.
- Prefiro acreditar que o convite seja por outro motivo, afinal, sou um dos últimos brasileiros patriotas de coração e vocês devem ser por profissão. Porém, não seria nenhum absurdo ver um grupamento inteiro aos beijos, enrolando os bigodes ou ralando as caras lisas. Nem tudo é tão proibido na caserna como antes. Na realidade, absurdo mesmo é perceber que somente eu e vocês nos reunimos para as homenagens ao Dia do Hino Nacional enquanto a maior parte do Brasil ficou na base do beijo.
- Na escola se aprendia a cantar o Hino Nacional antes de um beijo de língua. Fileiras de alunos felizes e orgulhosos, nos pátios, cantavam ou enrolavam o que sabiam enquanto a bandeira era hasteada e os mais novos, por meio de mímicas labiais, fingiam saber. Mesmo atrapalhados com rimas e palavras difíceis, contentes, sempre faziam. Isso ocorria no dia da Bandeira, da República, enfim.
- Recordo das minhas primeiras tardes de fornicação. Automaticamente pensava no hino quando cobria o rosto de “Vânia Não Enche Tanga” com a bandeira. Era a nossa trilha sonora. Sempre que me pedia um beijo, quando era possível contornar, fazia uma mordaça com a flâmula e sapecava o meu mais delicioso beijo “verde-louro” por amor a pátria. Patriotas e glórias são coisas do passado. Nada de beijo para a foto. E tenho dito.
OBS- 13 de abril, dia do Hino Nacional Brasileiro e aniversário do meu incrível irmão.