LATINHAS BRASILEIRAS
ou lições de vida na fila do banco!
...
Numa Caixa lotada naquela manhã de segunda – feira eu esperava,impacientemente ,na fila.Estaria melhor se tivesse levado um livro,ou revista,ou jornal que ajudaria a passar o tempo.
Assim,sem nada prá fazer,até gostei quando aquele senhor mirradinho postado logo atrás de mim,começou uma conversa.
O senhor tinha um ar de humildade,usava um boné amarrotado e havaianas que,com certeza não seriam exibidas nas páginas da “Caras”.
Rodando o boné nas mãos,queixou-se da demora e ,ficando mais animado o cunversê me disse que vinha ao banco fazer um depósito,como fazia todo dia e todo dia recebia um olhar pouco amistoso do caixa.
É que ele depositava moedas e cédulas de valor baixo e amarrotadas.
Contou-me que era catador de latinhas,que apanhava nas ruas,nos monturos e nos sacos de lixo domésticos ou de restaurantes.Alguns proprietários de bar ,disse ele,o ajudavam,guardando separadas,as latinhas ,num grande saco plástico.Agradecia,reconhecido,o favor.
Clientes,também,completou;mocinhas bonitas,rapazes malhados,crianças;mas,nunca os casais bem vestidos,esses lhe viravam a cara meio contrafeitos ao vê-lo por perto.Não ligava.Deus fez as coisas assim e assim tem que ser.
Mas,com o dinheiro da venda sustentava quatro netos.A filha,meio destrambelhada sumiu no mundo e deixou-lhe esses presentes.
Resignado,meteu-se a criá - los.Mas,um dia,bateu a angustia;nada tinha de seu,só a casa que morava em Mussurunga,construída com anos de sacrifício.Não lhe agradava a idéia de deixar os netos desamparados.E foi assim,que uma parte do dinheiro das latinhas passou a ser depositado numa conta poupança.Assim que juntava um montante,construía uma casita.quarto e sala,porta e janela,não importa.Seus netos não passariam o resto de suas vidas debaixo da ponte.Depois,com o tempo,crescidos e trabalhando,fariam o famoso puxadinho e tudo ficaria bem.cada um com sua morada,como Deus quer.
E rematou:
-Um home só pode dizer qui é macho,minha sinhá,quando tem um teto prá por a cabeça.
Aproximamo-nos do caixa.
O homem olhou torto para o velho que lhe devolveu o olhar com um sorriso desdentado.
Eu mereço,pensou o caixa;com a prestação do apartamento atrasado e ainda esse velho cheio de moedinhas para eu contar...
ou lições de vida na fila do banco!
...
Numa Caixa lotada naquela manhã de segunda – feira eu esperava,impacientemente ,na fila.Estaria melhor se tivesse levado um livro,ou revista,ou jornal que ajudaria a passar o tempo.
Assim,sem nada prá fazer,até gostei quando aquele senhor mirradinho postado logo atrás de mim,começou uma conversa.
O senhor tinha um ar de humildade,usava um boné amarrotado e havaianas que,com certeza não seriam exibidas nas páginas da “Caras”.
Rodando o boné nas mãos,queixou-se da demora e ,ficando mais animado o cunversê me disse que vinha ao banco fazer um depósito,como fazia todo dia e todo dia recebia um olhar pouco amistoso do caixa.
É que ele depositava moedas e cédulas de valor baixo e amarrotadas.
Contou-me que era catador de latinhas,que apanhava nas ruas,nos monturos e nos sacos de lixo domésticos ou de restaurantes.Alguns proprietários de bar ,disse ele,o ajudavam,guardando separadas,as latinhas ,num grande saco plástico.Agradecia,reconhecido,o favor.
Clientes,também,completou;mocinhas bonitas,rapazes malhados,crianças;mas,nunca os casais bem vestidos,esses lhe viravam a cara meio contrafeitos ao vê-lo por perto.Não ligava.Deus fez as coisas assim e assim tem que ser.
Mas,com o dinheiro da venda sustentava quatro netos.A filha,meio destrambelhada sumiu no mundo e deixou-lhe esses presentes.
Resignado,meteu-se a criá - los.Mas,um dia,bateu a angustia;nada tinha de seu,só a casa que morava em Mussurunga,construída com anos de sacrifício.Não lhe agradava a idéia de deixar os netos desamparados.E foi assim,que uma parte do dinheiro das latinhas passou a ser depositado numa conta poupança.Assim que juntava um montante,construía uma casita.quarto e sala,porta e janela,não importa.Seus netos não passariam o resto de suas vidas debaixo da ponte.Depois,com o tempo,crescidos e trabalhando,fariam o famoso puxadinho e tudo ficaria bem.cada um com sua morada,como Deus quer.
E rematou:
-Um home só pode dizer qui é macho,minha sinhá,quando tem um teto prá por a cabeça.
Aproximamo-nos do caixa.
O homem olhou torto para o velho que lhe devolveu o olhar com um sorriso desdentado.
Eu mereço,pensou o caixa;com a prestação do apartamento atrasado e ainda esse velho cheio de moedinhas para eu contar...