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Beijos. Muitos beijos...


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“Beije com pudor. Beijos CALIENTES podem constranger o vizinho.”

                Li isso numa revista de variedades, como parte de uma tal ETIQUETA NO CINEMA e, francamente não pude deixar de rir, pois lembrei de uma situação inusitada vivida a pouco tempo em uma de minhas viagens.
              Estávamos retornando para casa, num grupo grande, ocupando a parte central de uma aeronave. Os que estavam mais ao fundo, depois da escala, vieram nos relatar que um casal, literalmente nas asas da paixão, protagonizou desde o inicio do trajeto, um “pega” legal, constrangendo SIM a passageira da janela, que tratou de procurar outro lugar e os passageiros da esquerda, da frente e do lado, que tentavam, em vão se concentrar na leitura de livros, revistas e quem sabe, de algum tratado de física quântica.
            Entre risadas, o grupo se dividiu. Uns indignados, outros chocados com tanta desenvoltura, outros achando graça da comoção geral. Sinceramente, na hora, fui do terceiro grupo. De pura molequeira, fiz piada com o fato. Perguntei quem ficara com inveja, quem já tinha esquecido como é namorar em Braille.Francamente não vi necessidade de esticar o assunto.
            Ao ler sobre a tal etiqueta de cinema, fiquei imaginando o que levaria um casal adulto agir assim.Exposição gratuita faria parte de suas fantasias?O fato é que demonstração pública de um namoro mais caliente, na forma de amassos, beijos de amídala, cochichos, sussurros e mãos indisciplinadas são detonadores de controvérsias, tanto é que por aí já tentaram criminalizar quem o fazia em praça pública.
           Alguém pode perguntar:- O que é que tem demais uns beijinhos?E tem razão. Nada demais. Vejam o que apurei por aí: (...) “Desde que surgiu na Índia, há mais de quatro mil anos, o beijo é um excelente exercício para o organismo.Além do efeito arrebatador de um beijo intenso e apaixonado, o ato acelera os batimentos cardíacos e provoca a liberação de uma substância chamada serotonina.Este hormônio é responsável pela melhora do humor e produz uma sensação de bem-estar e felicidade.(...)
            Nada demais mesmo, mas não nos esqueçamos que do mesmo jeito que a “beijação” faz bem a quem pratica, a discrição e o decoro ainda não caíram em desuso para muitos- ainda bem- e fantasia em publico também tem limite.
           Quero deixar claro que sou MIL por cento a favor do beijo. Porém, durante o carnaval, presenciei cenas dantescas de três, quatro, cinco rapazes atacando literalmente mulheres com beijos cinematográficos. Pior, beijo “alça de caixão” onde a mulher “roda”, na boca dos quatro ou cinco.Sinceramente, foge a minha compreensão alguém gostar, de verdade, de algo assim.
           Para além do beijo, a controvérsia atual nas nossas escolas é a tais pulseiras do sexo. Pais, mães e educadores estão em polvorosa com a violência latente na meninada que “arrebenta” pulseiras para que se pague prendas por isso. Cada cor representa uma, que vai da tarefa mais inocente, como um abraço, até a mais bizarra, que é o sexo escatológico. Será mesmo esse “O país da delicadeza perdida”? Saudades do “uva, pêra, maçã, salada mista”...
           Controverso ou não, publico ou na alcova, beijo é sempre especial. Determina o nível de envolvimento de um casal. Aqui, um lindo poema que é o supra-sumo da arte de beijar, mas na INTIMIDADE.Francamente, vizinho ou vizinha nenhuma merece passar pelo constrangimento de ver e ouvir o que não quer. Não deixem de beijar, apenas nivelem a intensidade ao local onde estejam.

BEIJOS!

Beijo Eterno

Castro Alves

Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue.
Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!

Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!...

Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais!
que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!