Século XXI: a nova sociedade
A professora de geografia entrou na sala aos berros. Como sempre. Nos mandou, não por didática, muito menos por cumprimento do dever, mas pelo prazer de nos atazanar , pesquisarmos sobre a cúpula do Vaticano. Entrei pelo cano. Não tinha internet; era um pobre injustiçado, incompleto e impossível de me situar na sociedade...
Xinguei o papa. Xinguei o cristianismo, os professores, enfim, fui agressivo: tipicamente "eu". Não tinha crédito para ir à lan-house. Quase não se usa mais dinheiro (e imagine que mico-leão: eu, pagar em dinheiro!). A merda do meu pai é um duro.
Uma louca que passava na rua a par do meu dilema exclamou mostrando os dentes podres e engolindo uma cédula de dez dólares (não existe mais moeda nacional, o euro e o dólar são obrigatórios, o dólar é mais usado por pobres):
- Procura um livro!
Não nos aguentamos ( eu e meus amigos)! Rimos à toa. A doida prosseguiu.
Passei na frente de uma biblioteca escondida no matagal, e, confesso, senti uma vontadezinha (íntima) de ver o livro lá dentro: enciclopédia alguma coisa, letra V. Contive meu delírio. Retive minha loucura.
Acabei perdendo o ano letivo de 2035.