Uma pequena analogia política duma pequena cidade do interior (um apêlo aos santos)

Caí o crepúsculo e logo a cidade dorme. Os notivagos arriscam uma quebra de rotina, sem sucesso.

Assim é a vida no interior, interior da minha pequena e amada cidade; calma e tranquila. Exceto os dias de festas! aguardados com muita ansiedade e desejos; aí sim! posso extravasar, superar as minhas expectativas. Finalmente quebrar todos os paradígmas, nem que dure apenas algumas horas. Logo amanhece e a cidade acorda bem cedo. Seu Alfredo(n.fictício) é o primeiro a abrir o seu comércio, dono do único armazém da cidade; sempre de bom humor cumprimenta vagamente um suposto conhecido que passa do outro lado da praça. Homem importante esse seu Alfredo, faz parte da socialite da cidade. Vereador implacável, cabra da peste, não perde uma. Seus filhos são os mais bajulados, namorados pelas gatinhas. Assim é a vida no interior da minha pequena cidade, as vezes lá é como cá.

A Prefeitura é o maior cabide de emprego, também pudera! a cidade é pequena, poucas fontes de renda. É tolerável; mesmo porque, isso acontece na maioria das pequenas cidades. Principalmente do Norte e Nordeste do país. O que definitivamente não é tolerável, são as marcacões cerradas de alguns prefeitos eleitos, que na maioria das vezes exercem critérios empregatícios baseados simplismente no direito democrático do voto. O meu direito de optar pelo candidato que penso ser a melhor proposta e projeto para a cidade é totalmente vetado, segundo a sub-lei dos coronéis eleitos. O prefeito do meu desafeto, certamente me excluirá de todos os projetos relacionados a cidade, principalmente dos cargos disponíveis na Prefeitura; desprezando totalmente a minha competência. Em outras palavras mim reduzirá ao pó. Eu penso que todo homem público tem o dever de respeitar os conflitos de idéias e ao mesmo tempo governar prá todos. Essa é a primeira lição que deveria ser decorada por um político. Além do mais, critérios como esses estabelecidos, fere brutalmente o preâmbulo da Constituição, que fala: de um Estado democrático, destinado a assegurar direitos sociais e individuais, liberdade,segurança, bem-estar e o desenvolvimento de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Mas apesar de tudo isso! a minha pequena cidade dorme, enqunto os teleguiados do poder empurra para a beira do abismo. E se nada fôr feito, certamente dará um passo a frente. A grande pergunta é: o que posso fazer para mudar essa inaceitável realidade? se calar e aderir ao sistema, ou ser taxado como chato, imprevisível, arrogante e outros bichos? ainda admitindo a possibilidade de ser rejeitado pela maioria. Se a minha escolha for a primeira opção, certamente nada mudará; continuaremos a todo vapor o processo de aparthaid social, construindo grupos restritos, imperialista, que não se preocupam com problema algum, exceto os seus e de sua família. No entanto, se eu optar para segunda, talvéz nada mudará também e, ainda corro um sério risco de jamais me tornar um funcionário público, pelo menos, da minha pequena e amada cidade do interior. O que não entendo, é que o povo é o principal responsável por essas pessoas estarem no poder, e o pior, exercendo o direito mais democrático possível. Então diante dessa triste realidade, só mim restou um apêlo aos santos.

Foi aí que mim lembrei de são longuinho.

Então ajoelhei e, em alta e viva voz clamei:

São longuinho! oh! são longuinho!

já que não conseguimos mudar essa fisonômia doente da política, da minha pequena e amada cidade do interior. Permita pelo menos,

que mude os eleitores.